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Quarta-feira, 28 de Junho de 2017, 09h:06

Sem controle

PETU ALBUQUERQUE

Michely_Figueiredo

 

Inicio nossa conversa da semana pedindo desculpas pela ausência. O momento é tão conturbado que se a gente não para e organiza minuciosamente o tempo, não conseguimos cumprir com todas as nossas tarefas. Hoje queria dizer um pouquinho sobre expectativas. Quem nunca criou toda uma atmosfera em torno de algum acontecimento, que atire a primeira pedra.

Criamos expectativas em relação a relacionamentos amorosos, amizades, religião, emprego, dieta, animal de estimação e tudo mais que implica o desenrolar da experiência humana. Mas essa expectativa nem sempre condiz com a realidade e daí vem o que costumamos batizar como "frustração". E esse sentimento corrói o peito, nos faz entristecer, culpar o outro por não ter se comportado exatamente como queríamos ou imaginávamos.

Ora, por mais que seja um comportamento bastante presente, já parou um momentinho para pensar o quão insano é querer controlar o reagir do outro, se não conseguimos controlar sequer o nosso sentir? Um exemplo muito característico aqui são as crises de ansiedade. Se o autocontrole fosse assim tão eficiente, não haveria quem sofresse de depressão, de síndrome do pânico, compulsão alimentar, dentre outros problemas cada vez mais frequentes na sociedade na qual vivemos.

Abrir mão do "controle" que acreditamos ter significa romper grilhões, não sofrer pelo amanhã e gozar de mais tempo e atenção para aproveitar o hoje. Estamos no presente, mas raríssimas vezes aproveitamos deste momento por estarmos ou presos ao passado - que é imutável - ou preocupados demais com o futuro. É como se sentássemos na janela e ficássemos vendo a vida passar, sem realmente dela participar. E esse ficar alheio insiste em não aproveitar a oportunidade de autoconhecimento, que é o que verdadeiramente nos liberta.

Mas estaríamos preparados para esse salto? Abrir mão do julgar, do responsabilizar o outro, de magoar-se, de fazer o mal ao próximo e viver realmente em harmonia com os demais e com a gente mesmo? Para mim, pelo menos tentar fazer tal mudança já indica coragem, uma vez que a desconstrução do ego é um processo doloroso. Desfazer-se do que culturalmente lhe foi imposto e das crenças adquiridas ao longo da vida exige força de vontade. É muito mais fácil permanecer como vítima do destino, criador de expectativas irreais e depois culpar quem quer se seja pelo seu fracasso.

Reconhecer que aquilo que acontece contigo é fruto de sua forma de agir, sentir e pensar é meio caminho andado. E torna tudo tão mais leve. E é aí que você percebe que pode controlar sim, mas só a si mesmo, jamais o outro.

Meditar é uma prática que ajuda no processo. Acalmar a mente, prestar atenção na sua respiração, se conectar com o seu divino, sair nem que sejam alguns minutos por dia dessa vibração frenética que a sociedade atual nos oferece. Lembre-se, tentar já é um grande passo rumo à mudança que se almeja. Persista!


Petu Albuquerque é uma mulher balzaquiana, observadora da vida, aspirante à psicoterapeuta reencarnacionista e que tem fé na mudança.