Wesley Batista, diretor da empresa JBS e delator na Operação Lava Jato, revelou ao Ministério Público Federal (MPF) que no ano de 2014 a empresa foi autuada em R$ 200 milhões por não ter pago débitos nos anos anteriores ao Estado de Mato Grosso, mesmo tendo pago cerca de R$ 30 milhões para o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) em troca da redução dos tributos por meio do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).
O delator ainda revelou que a secretária de Pedro Nadaf, Karla Cecília de Oliveira Cintra, viajou até São Paulo para receber dinheiro de propina.
O delator conta que no fim de 2014 foi notificado pela Secretaria de Fazenda (Sefaz) que tinha o débito junto ao Estado. O comunicado foi recebido com espanto e Wesley foi atrás de Silval para que a cobrança fosse anulada. "Eu não sei como ele fez a documentação do incentivo, mas eu não deveria ser cobrado", explicou.
“Eu corri lá e falei com o governador. O senhor tem que dar um jeito, porque eu fiz um acordo com você. Te paguei uma propina para ter o benefício e agora estão me cobrando R$ 200 milhões. Resolve esse negócio enquanto você está no governo”, relatou. A pressa do empresário era porque a gestão de Silval já estava nos últimos meses. “Essa foi uma lambança. A Sefaz não desconsiderou nosso crédito”.
A fim de buscar uma solução para o impasse, se reuniram Wesley, o representante da JBS Valdir Aparecido Boni Silval, Pedro Nadaf, que então era secretário da Casa Civil e o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi.
De acordo com o empresário, a solução encontrada pelos agentes públicos foi estender a concessão que um dos frigoríficos da JBS, no interior, para as outras unidades. “Dessa forma ficaríamos cobertos pelo incentivo. Essa empresa foi uma das que compramos e que tinha o benefício legitimo”, explicou.
Para justificar o não pagamento do débito, foi forjado um documento falso, retroativo ao ano de 2011, estendendo o incentivo de uma das unidades para todas do grupo no Estado. “Foi ai que teve outra lambança”, frisa o delator.
“Logo depois o MPE moveu uma ação por improbidade contra nós por causa desses R$ 70 milhões. Nosso dinheiro foi bloqueado. Envolveu esse documento falso, pagamento de propina. Nós fizemos um acordo com a promotora Ana Bardusco e devolvemos os valores referentes aos tais créditos ilegais. Em seguida veio também a prisão do Silval e dos secretários”, explica.
Wesley ressalta que o Prodeic se estendeu aos frigoríficos da JBS e também aos curtumes do grupo. As notas falsas para o pagamento da propina, segundo o diretor, foram emitidas pela empresa NBC Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda, de Pedro Nadaf, Trimec Construções e Terraplanagem Ltda, de propriedade de Wanderley Torres investigado na Operação Ararath.
“De R$ 10 milhões por ano, a gente pagava cerca de R$ 800 mil por mês. Houve uma vez que a secretária do Nadaf, Karla, foi até São Paulo buscar a propina. Ele usou ela para buscar a propina”, confirma.
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