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Quarta-feira, 12 de Abril de 2017, 14h:23

A lista do Brasil

A relação entre as listas de Schindler e de Fachin são enormes, afinal nem um dos casos ocorre pelos caminhos normais e da legalidade

JOÃO EDISOM

 

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João Edisom

 

A Lista de Schindler é um filme norte-americano de 1993 sobre Oskar Schindler, um empresário alemão que salvou a vida de mais de mil judeus durante o Holocausto ao empregá-los em sua fábrica. O filme foi dirigido por Steven Spielberg e escrito por Steven Zaillian, baseado no romance Schindler's Ark, escrito por Thomas Keneally. O filme retrata a luta de um homem para salvar um número significativo de pessoas.

 

Mas a lista do juiz do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, que inicialmente pertencia ao Procurador Geral da República Rodrigo Janot Monteiro de Barros, parece ter a intenção de salvar uma nação inteira. Neste país que ainda precisa de heróis do tipo El Chapulin Colorado (personagem do ator e escritor mexicano Roberto Gómez Bolaños), para fazer aquilo que as pessoas recriminam através das palavras, mas não fazem na prática.

 

Na semana em que mais de 112 milhões de brasileiros tiveram o trabalho de pagar para votar a favor do “Marcos” do BBB obteve (55.92%) do total de votos, mesmo após ele ter coagido, intimidado e agredido uma mulher, colega de confinamento, parte do Brasil lê e assiste pela TV, indignado, a lista de Edson Fachin e pede justiça, ou vingança sumária, contra os citados.

 

O filme do qual fiz a introdução deste texto começa em 1939 com os alemães iniciando a relocação dos judeus poloneses para o Gueto de Cracóvia, pouco tempo depois do início da Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso, Oskar Schindler, um empresário alemão de Morávia, chega na cidade com a esperança de fazer uma fortuna lucrando com a guerra. Schindler, um membro do Partido Nazista, prodigaliza subornos para oficiais da Wehrmacht e da SS em troca de contratos.

 

Edson Fachin, defensor ardoroso do ex-presidente Lula, chega ao Supremo pelas mãos da ex-presidente Dilma Rousseff e com a morte do ministro Teori Zavascki assume a relatoria da Operação Lava Jato. A corrupção no setor público brasileiro vem desde Deus sabe quando, porque levar vantagem não tem época ou classe social por aqui, depende da oportunidade. E entendemos por corrupção quando “o eu não lucra com o crime”. Lucrando é “esperto” passa ser admirado, votado e defendido.

 

Voltando ao filme, ao abrir a fábrica, Schindler agrada os nazistas, aproveita sua nova fortuna e sua posição como "Herr Direktor", enquanto Stern cuida de toda a administração. Schindler contrata judeus poloneses ao invés de poloneses católicos por serem mais baratos (os próprios trabalhadores não recebem nada; os salários são pagos a SS).  E com isso os trabalhadores da fábrica recebem permissão para sair do Gueto e Stern falsifica documentos para garantir que o maior número de pessoas sejam consideradas "essenciais" para o esforço de guerra da Alemanha Nazista, que os salva de serem transportados para campos de concentração, ou de serem mortos.

 

A relação entre as listas de Schindler e de Fachin são enormes, afinal nem um dos casos ocorre pelos caminhos normais e da legalidade. A diferença está em quem salvar. No caso aqui é tentar fazer aquilo que o próprio povo brasileiro não tem coragem de fazer, que é ter consciência de suas responsabilidades como cidadão e com a democracia e sempre transferir para outros resolverem aquilo que o próprio povo está cansado de saber.

 

Afinal, que o prefeito venha espantar o mosquito de minha casa, que o estado eduque o meu filho, que o guarda corrija o trânsito, que a polícia tire o bandido do meu bairro (a maioria dá guarida para eles), que o poder Judiciário tire os políticos velhos e corruptos de Brasília e os impeça de se candidatar porque se permitir os reconduziremos heroicamente ao poder. Viva a pátria amada! Viva Janot! Viva a lista de Fachin.

 

*JOÃO EDISOM é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso e colaborador do HiperNotícias.