Morte de funcionário dos Correios causa alerta e médica explica perigos de contaminação

A morte cerebral de um funcionário dos Correios, na semana passada,  chamou a atenção da população para os riscos que os pombos podem oferecer ao seres humanos. Celso Luiz Gomes passou 14 dias internado em um hospital em Cuiabá e foi diagnosticado com criptococose, conhecida como a ‘doença do pombo’. Ele trabalhava no Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTCE) do Cristo Rei, em Várzea Grande, onde teria sido contaminado. Mas, afinal, o que é essa doença e como evitá-la? 

Alan Cosme/HiperNoticias

 Infectologista Andreia Nery

Em entrevista ao HiperNotícias, a infectologista Andreia Nery explicou que o pombo deve ser visto pela população como um ‘rato de asas’ já que ele é muito presente na grande maioria dos lugares, principalmente nas zonas urbanas centrais. De acordo com a médica, o termo ‘doença do pombo’ é bem aberto quando se fala na patologia que a ave pode propagar, pois os fungos presentes nas fezes desses animais podem transmitir diversas doenças. As mais comuns são: criptococose, que foi adquirida pelo funcionário e a histoplasmose.

“Todas as duas o homem adquire quando inala a poeira de fezes dos pombos porque são ricas em fungos e bactérias. O pombo só não apresenta tanto problema quando ele não está em locais fechados e coabitando com as pessoas. Por isso, é importante manter as casas, telhas e calhas limpas”, orientou.

A infectologista detalhou que normalmente as pessoas que costumam ser infectadas pelo vírus são porque estão em contato frequente nos locais que o pombo costuma morar. A exemplo do funcionário que foi diagnosticado com a doença por trabalhar em um local insalubre. Mas, isso não significa que todas as pessoas que trabalharam com ele terão a mesma doença e sintomas. Isso depende da imunidade do organismo de cada indivíduo.

“Essas doenças não são igual à gripe que uma vez em contato com a pessoa contaminada dois dias depois apresentam os mesmos sintomas. Então isso significa que nem todas as pessoas que entrem em contato com os fungos adoecem por eles. Depende do tempo de exposição sem contatar que os sintomas podem aparecer depois de semanas”, explicou.

Neste caso, a orientação da profissional seria que as repartições públicas e privadas assim como os Correios mantivessem os locais limpos para evitar a propagação da doença.

“Quem adoece é quem se expõe com frequência. Já com relação aos sintomas depende do tecido acometido tanto da criptococose quanto da histoplasmose. Mas, as duas doenças podem chegar até os pulmões, cérebro, pele e intestino. O criptoco quando atinge o cérebro pode dar sonolência, dor de cabeça, febre. Já no pulmão pode causar falta de ar, tosse, secreção e dor no peito”, detalhou.

Tratamento

Nos dois casos, as doenças são tratáveis por antifúngicos. Mas, quando o problema é agudo em muitos casos o procedimento médico não é efetivo.

“A anfotericina é indicada para os pacientes mais graves e normalmente os hospitais receitam esse medicamento. Existem outras drogas que são das derivações desse medicamento mais elas costumam ser muito mais caras e as unidades médicas não disponibilizam”, concluiu. 

Interdição

Na tarde de sexta-feira (31), o juiz Alex Fabiano de Souza, da Terceira Vara do Trabalho de Várzea Grande, determinou a interdição do Centro de Tratamento de Cartas de Várzea Grande, por causa da presença constantes das aves na unidade e o rastro de fezes. O não cumprimento da decisão acarreta em multa diária de R$ 50 mil para os Correios. O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios haviam protocolado uma ação civil pública junto ao Ministério Público Estadual (MPE) exigindo a interdição e a dedetização por causa da morte de Celso Luiz Gomes.

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