Em uma palestra proferida em encontro do Pátria Investimentos, Goldfajn afirmou que as intervenções do BC no câmbio derivam de decisões separadas da condução na política monetária.
Segundo o presidente do BC, as condições externas, por si só, não são determinantes nas decisões de política monetária, mas são incluídas nas previsões de inflação e no conjunto de informações analisadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
"Nossas decisões de política monetária sob o regime de meta de inflação consideram as condições externas apenas naquilo em que elas afetam o cenário da inflação brasileira", disse Goldfajn. O evento foi fechado à imprensa, mas o BC divulgou os comentários feitos na palestra.
O presidente do BC avaliou que a valorização do dólar é um movimento global que reflete a alta dos juros nos Estados Unidos, mas que também tem influências domésticas. Nesse ponto, Goldfajn não abordou os fatores internos que motivaram o salto da moeda americana nas últimas semanas.
Citando a situação que classificou como confortável das contas externas, com baixo déficit nas transações correntes, alta nos investimentos estrangeiros e as reservas internacionais de US$ 380 bilhões, ele disse que o Brasil está hoje menos vulnerável a choques externos. Ressaltou ainda que o risco país caiu significativamente nos últimos dois anos, ao sair de aproximadamente 500 pontos no início de 2016 para os cerca de 190 pontos atuais.
Eleições
Solicitado a falar sobre as eleições de outubro, Goldfajn disse que a autarquia, por ser uma instituição técnica, tenta não se envolver em assuntos políticos e, por isso, não discutiria questões eleitorais. Ainda assim, ele sustentou que o cenário-base do BC pressupõe a continuidade da agenda de reformas e ajustes econômicos no próximo governo.
"Não vou discutir questões eleitorais. Apesar disso, devo expressar que é importante persistir no caminho das reformas", disse Goldfajn.
Durante o encontro, Goldfajn reforçou a avaliação do Copom de que a manutenção da atual taxa básica de juros, de 6,5% ao ano, é apropriada para as próximas reuniões do colegiado.
Ao reconhecer que os últimos indicadores mostram uma desaceleração da atividade econômica - num contexto de retomada gradual da economia -, o presidente do BC ressaltou que as condições econômicas atuais prescrevem a Selic abaixo da taxa de juros estrutural, aquela que permite crescimento sem pressão inflacionária.
Dada a ociosidade atual da economia, ele observou que revisões marginais sobre o ritmo da atividade não devem provocar mudanças importantes nas previsões sobre a inflação. "Nesse contexto, a inflação tende a retornar gradualmente à meta à medida que a economia se recuperar", comentou Goldfajn.
Ele afirmou ainda, durante o evento do Pátria, que a redução do custo do crédito no Brasil está acontecendo mais lentamente do que o BC gostaria. Frisou, porém, que uma série de medidas implementadas ou a serem tomadas pela autarquia vão atacar os juros altos no Brasil. Entre as ações do BC, ele citou a liberação de depósitos compulsórios, o cadastro positivo e a Taxa de Longo Prazo (TLP), que, conforme Goldfajn, ajudará a reduzir a taxa de juros estrutural da economia ao diminuir os subsídios nos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
(Com Agência Estado)
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