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Colunistas Segunda-feira, 05 de Junho de 2017, 15:19 - A | A

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Segunda-feira, 05 de Junho de 2017, 15h:19 - A | A

Será o fim da gentileza?

A gentileza é uma forma de interação que torna o dia a dia menos ríspido

CLAUDIA CADORE

 

claudia cadore

 

Tem me impressionado a falta de gentileza e afeto que impera entre as pessoas. Somos mecânicos, não vemos o outro, nossos olhares não se cruzam mais. Certas atitudes perderam importância no mundo real. Estamos sempre de cabeça inclinada, olhando nosso celular. O que nos importa, na verdade, é quantas curtidas nossas fotos tiveram ou quantos amigos virtuais colecionamos.

 

Não temos mais tempo de ouvir nossos amigos. Se não estamos envolvidos com nosso celular, estamos preocupados com horários e compromissos. Vivemos um tempo de urgência.  Tempo de nervos à flor da pele. Qualquer contrariedade já é motivo para uma explosão. No trânsito, uma fechada ou qualquer outra imperícia de outro condutor faz com que ele conheça todo nosso dicionário de palavrões. No trabalho ou mesmo no convívio familiar ou relações de amizade, a nossa tolerância também é zero. Estamos chatos!

 

Perdemos a gentileza, a amabilidade. Não temos mais a delicadeza no trato com o outro. Esquecemos aquelas lições da infância, as palavrinhas mágicas: por favor, obrigada, desculpa... Não sabemos mais o que é simpatia.

 

Tenho observado mestres que chegam para ensinar sem dizer o básico bom dia, sem dar o sorriso de cumplicidade necessário àqueles que precisam cumprir a jornada juntos. Tenho observado atendentes de estabelecimentos comerciais que finalizam a venda, sem dizer uma palavra sequer. Quando acontece, o diálogo se limita à frase: crédito ou débito?

 

Nossas preocupações estão voltadas à corrupção, crise financeira, aquecimento global, ataques terroristas... Por certo são questões importantes, mas antes de nos ater com questões macro, precisamos prestar atenção nas ações que praticamos no nosso mundinho. Precisamos resgatar a gentileza perdida. Perceber o outro, seja ele quem for. Acenar ou dizer-lhe uma palavra é a mais primária das gentilezas. A gentileza é uma forma de interação que torna o dia a dia menos ríspido.

 

Ceder o lugar no ônibus para um idoso de cara amarrada e resmungando, não é ser gentil. Ser gentil é ter empatia, é compreender lá dentro, no coração, a necessidade do outro e fazer com afeto. É ligar para saber se está tudo bem com o colega que não veio trabalhar, é elogiar o novo corte de cabelo ou o vestido novo da amiga. É ter disponibilidade para ouvir quem precisar desabafar. Não sabemos qual o peso da bagagem emocional do outro, quanta tristeza ele carrega. Às vezes, um simples desabafo pode ajudar a aliviar essa carga. Temos que agir retirando as pedras do caminho para o outro passar.

 

Uma atitude gentil elimina desavenças, aquece os corações, elimina mágoas, aproxima pessoas e o melhor de tudo: é gravemente contagiosa. Tente, dê um sorriso, um bom dia afetuoso. Tenho certeza que receberá uma retribuição calorosa e abrirá um canal para que o outro faça o mesmo. Ninguém fica imune a uma gentileza.

 

Claudia Cadore é jornalista, acadêmica de Direito e continua entristecida com os rumos que a humanidade está tomando

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