Saudade define os dias por aqui sem você. Por mais que saiba que a separação é passageira, fica sempre o gostinho de quero mais da sua companhia. Lamento sim não tê-lo ao meu lado para conhecer o seu bisneto que chega logo mais. Chegar à sua casa e não vê-lo mais sentado na varanda, na cadeira de fio, ao brincar com os dedos, traz um vazio apertado no coração.
Foi bonito ver quantas pessoas estiveram presentes para lhe render a última homenagem. Foram entoados cânticos, orações, e você estava com um lindo terço azul nas mãos, como pediu que fosse feito ao chegar o dia da sua partida. A expressão era serena, de quem partiu dessa com a sensação de dever cumprido. E vê-lo assim também acalentou meu coração. Sabia que tudo estava acontecendo na hora certa.
E minhas forças só aumentaram ao ver a postura da vó, que não deixou você sequer um segundo na despedida. Mulher de fibra e força inigualáveis, dizia aos que chegavam para lhe prestar as condolências, que sentiria saudade, mas que esse era o ciclo natural da vida.
Os netos estiveram presentes, assim como os filhos e os bisnetos. As noras e genros também, vizinhos, colegas de trabalho, cunhados, irmã, sobrinhos. Não arrastou uma multidão, mas mostrou o quanto era e continuará sendo amado. O último adeus foi dado numa linda tarde ensolarada. Eram 16:30 h quando a lápide foi selada, marcando de vez a sua passagem para outro plano.
Neste momento, todos puderam fazer uma reflexão sobre a sua passagem por aqui. Obstinado, de uma retidão incontestável, perseguiu seus objetivos e conseguiu galgar degraus na caminhada da vida. Formou uma linda família, que apesar dos percalços, é unida. Deu exemplo de fé, honradez e dignidade. E nos deixou a herança mais valiosa de todas: o exemplo que deve ser seguido.
O choro ainda teima em brotar nos olhos a cada linha escrita sobre você, vô. Mas não é pesar pela sua passagem, é só a saudade que cada dia mais aumenta em nossos corações. Sentiremos a sua falta até o nosso reencontro. Cuidaremos com zelo da vó, como você sempre fez, apesar do “jeitão” nordestino xucro.
Descanse em paz!
Petu Albuquerque é uma mulher balzaquiana, observadora da vida, aspirante à psicoterapeuta reencarnacionista e que tem fé na mudança.