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Colunistas Sexta-feira, 07 de Abril de 2017, 14:16 - A | A

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Sexta-feira, 07 de Abril de 2017, 14h:16 - A | A

Encerramento

ARIADNE CAMARGO

 

Edson Rodrigues

Taynara_Pouso

 

Reza a lenda que vivia em um labirinto em Creta um terrível Minotauro. Para salvar as vidas de inúmeros jovens que alimentavam a criatura, Teseu resolveu que mataria a fera, mas teria a difícil tarefa de sair do intrincado labirinto. Tomada pelo amor, a filha do rei Minos oferece ao rapaz um novelo de lã que o leva, são e salvo, para a saída. Mesmo que o desfecho dessa história tenha sido diferente do que a princesa esperava, “o fio de Ariadne” até hoje representa a solução de um problema grave ou a saída de uma situação difícil. Aqui no nosso Labirinto, o leitor vai se deparar com percepções de uma mulher nas mais diversas esferas da vida, às voltas no labirinto e com o fio de lã firme nas mãos, desenrolando aos poucos o emaranhado da vivência humana até a saída. Entrar no labirinto implica em sair do lugar, por isso mesmo começo pelo

 

ENCERRAMENTO

 

O recomeço sempre cobra seu preço. Um dos mais difíceis de pagar, muitas vezes, é o de encerrar um ciclo. Terminar mesmo e deixar ir embora algo que não serve mais. Se pensarmos bem, tudo, tudo mesmo representa um encerramento. Veja, quando somos demitidos ou nos demitidos de um emprego: terminamos nosso relacionamento profissional, o que pode nos deixar muito tristes e arrasados, mas pode trazer ao mesmo tempo alívio e tranquilidade. Concluir uma faculdade também gera o sentimento dúbio, a saudade de momentos de aprendizagem e a agonia do ingresso no mercado. E quando temos que escolher uma faculdade então? Encerramos um ciclo para obrigatoriamente começar outro que quase nunca sabemos em que vai dar. Terminar uma etapa é inerente a qualquer campo da vida.

 

Nos relacionamentos, por exemplo, terminamos namoros, casamentos que deveriam durar para sempre chegam ao fim, com estragos ou não. Os amigos também entram na jogada, já que muitas coisas podem levar ao fim de uma amizade. As brigas, às vezes, são tão sérias que levam ao rompimento, embora eu acredite que só brigam pessoas que têm intimidade. Outras vezes, uma mudança de interesses já basta para distanciar amigos muito próximos, um passa a gostar de ir à igreja ou ao terreiro enquanto o outro continua querendo saber só do barzinho e da balada, fatalmente vai cada um pra um lado e a amizade se desfaz. Em outros casos, perde-se o amigo porque outro amigo que servia de elo se vai, ou para longe, ou para a outra vida, e aquele grupo se desintegra aos poucos porque a força da ligação dependia do que partiu. Então encerra-se mais aquele ciclo dando início a outros. 

 

Com as histórias do passado, aquelas que dão saudade, às quais a gente se apega, seja por uma antiga carta perfumada, seja por uma amizade à espreita pelo Facebook, também ocorre o mesmo. É preciso deixá-las para trás e romper com a vivacidade da lembrança para que caibam outras nos nossos espaços cerebrais destinados à memória. Aquela vontadezinha escondida de voltar à infância ou à adolescência só porque acha que esqueceu de viver alguma coisa também pode ser encerrada porque ela embaça os olhos e impede de ver o verdadeiro brilho do presente. 

 

Na verdade, encerrar ciclos, terminar capítulos, virar páginas... tudo isso é tão natural quanto um shampoo que chega ao fim no banheiro ou a deliciosa barra de chocolate que se acaba no último pedaço. O que isso traz de bom? Experiências novas de empregos, melhores e mais prazerosas, lugar para mais e novos amigos com outros assuntos e experiências diferentes em outros grupos. Também é bom ter mais espaço na memória para registrar um pôr-do-sol com o filho pequeno ou a brincadeira com o irmão mais novo. Esfregar os olhos e ver bem nitidamente as belezas da fase presente com todo o brilho dos bônus, ainda que haja ônus, e com mais clareza de que tudo tem fim também é resultado de pôr fim a um ciclo.

 

Terminar não é desprezar o que passou, é simplesmente entender que passou, para que novas vivências existam. É a velha história de deixar para trás e abrir os braços para receber mais e mais desse infinito universo. Terminar é recomeçar, "é o ciclo sem fim, que nos guiará à dor e à emoção desse ciclo, desse ciclo sem fim..."  

 

Sou Ariadne Camargo, inquieta mulher de 33 anos, observadora das sutilezas da vida, esposa e mãe em constante construção, professora encantada com a agitação adolescente, empenhada em contribuir para o pensar e existir genuíno de jovens com quem tenho e tive o prazer de conviver e com os quais aprendo, aprendo e aprendo!

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Carla de Jorge 12/04/2017

Obrigado por cada linda e bem colocada palavra que me ensinam a roper ciclos e refazer... amei cada colocação... perfeito! Parabéns!

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Paulo Carmona 11/04/2017

Não poderia esperar menos, Ari! Parabéns!❤

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Andreia 07/04/2017

É gratificante ler um texto em que entramos em contato com algo que diz respeito à "gente", algo que descreve tão bem situações de todos nós e de cada um... Quando será o próximo?!

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Margarete 07/04/2017

Maravilhoso texto. Parabéns .

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Fernanda 07/04/2017

Não poderia ter sido diferente, que mensagem sensacional ❤ Lindo Ari

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5 comentários

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