Terça-feira, 23 de Abril de 2024
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png
dolar R$ 5,17
euro R$ 5,51
libra R$ 5,51

00:00:00

image
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

00:00:00

image
dolar R$ 5,17
euro R$ 5,51
libra R$ 5,51

Colunistas Quinta-feira, 04 de Maio de 2017, 14:42 - A | A

facebook instagram twitter youtube whatsapp

Quinta-feira, 04 de Maio de 2017, 14h:42 - A | A

Adolescência é coisa séria!

ARIADNE CAMARGO

Edson Rodrigues

Taynara_Pouso

 

Angústia: substantivo feminino que significa: 1.estreiteza, redução de espaço ou de tempo; carência, falta. 2.estado de ansiedade, inquietude; sofrimento, tormento. Quem nunca?

Há quem diga que a angústia é um atraso de vida. Pode até ser, quando não é possível elaborar o que causa a angústia, mas ela também obriga o sujeito a se colocar em movimento, sair da zona de conforto para se livrar da angústia.

Quando a estreiteza está no espaço de existir, por exemplo, ficamos angustiados. Se um pai ou uma mãe começam a cercear o filho de determinados comportamentos, não porque eles sejam prejudiciais à criança, mas simplesmente porque não respeitam as escolhas e formas de lidar com o mundo desse pequeno indivíduo ainda em construção, vem a inquietação, a ansiedade. Compreender o que é do pai e o que é do filho ajuda no processo de desenvolvimento, ou seja, obriga um posicionamento, o que pode contribuir para que a criança seja mais segura. 

Se as barreiras seguem para a adolescência, com famílias que simplesmente ignoram as dificuldades dessa fase e rotulam tudo apenas como uma bobagem qualquer, a velha “aborrecência”, como muitos chamam, as consequências podem ser desastrosas. 

Convivo com adolescentes todos os dias, eles me olham com aqueles olhos cheios de tudo. Entusiasmo porque eles têm a vida inteira pela frente e estão em tempos de experimentação e conhecimento de si mesmos. Insegurança, porque precisam de aprovação, querem referências que lhes ensinem como proceder em vários âmbitos da vida, querem saber se o que estão fazendo vai dar certo. 

Muitos deles precisam de algo que pouco tiverem, pode ser afeto, um afeto que tem que vir de alguém pra eles e não deles para alguém, pode ser limite, cuja ausência atualmente forma verdadeiros tiranos, pode ser simplesmente um olhar atento de quem realmente percebe o que se passa com eles. 

Quando tudo isso falta, só porque alguém um dia resolveu menosprezar a adolescência, o jovem pode ficar exposto, frágil, suscetível a sugestões extremistas, como os “meninos-bomba” ou jogos nada divertidos que não acabam bem. A ausência de quem os respeite, os pais, por exemplo, pode levar o menino ou a menina a comportamentos mais sutis, porém tão danosos quanto, como o consumo de álcool e drogas, explosões de violência, agressões, entre outras inúmeras ações taxadas tão somente como normais da fase. 

Quando, finalmente, os adultos vão levar a sério os adolescentes? Não veem que eles imploram por serem olhados? Não percebem que estão aos berros pedindo limite e respeito? Não conseguem perceber que os problemas dos meninos e meninas são tão sérios para eles quanto os problemas dos adultos o são? 

Não se trata de ceder aos caprichos de um jovem porque ele resolveu ter uma crise, trata-se de olhar para a crise e ver de onde ela vem. O que culminou naquele comportamento tão arredio? Parece-me que há medo ao mesmo tempo que descaso de muitos pais que acabam tão compenetrados com suas vidas, trabalho e contas a pagar, algo que os congela e os impede de ver as angústias pelas quais os filhos passam. Então, quando as tragédias acontecem é que aquele adulto “responsável” resolve levar a dor adolescente a sério. Em muitos casos, isso pode ocorrer tarde demais. 

Mesmo tendo sido uma fase socialmente construída, a adolescência existe e nela o indivíduo de individualiza, descobre quem é e a que veio, ou pelo menos tenta ardentemente compreender-se. Quando isso não ocorre por infinitos motivos, tão infinitos quanto a subjetividade do ser, ele pode optar simplesmente por cindir com a vida. Também por isso a adolescência é tão séria! 

Pais, pelo amor de Deus, olhem para seus filhos! Na maioria das vezes não é apenas uma crise boba, nem frescura não! Eles realmente sofrem e precisam que os adultos acolham esse sofrimento com seriedade e amor. Se não dermos conta sozinhos, podemos pedir ajuda, há competentes psicólogos pra isso. Amor, respeito e limite são essenciais para o crescimento saudável dos meninos e meninas. 

A adolescência pode e deve ser vivida por completo, com a maioria das angústias elaboradas e digeridas, com espaços que se expandem e não se estreitam, com menos carência e falta, com mais presença e o adulto é peça-chave para que esse desenvolvimento aconteça. Se houvesse mais amor no lugar do menosprezo por essa fase da vida, muitos jovens ainda estariam aqui, muitos não sofreriam com tanta intensidade o mal da depressão, muitos gozariam das belezas da juventude com responsabilidade e vigor e a angústia serviria para coloca-los em movimento.

 

Sou Ariadne Camargo, inquieta mulher de 33 anos, observadora das sutilezas da vida, esposa e mãe em constante construção, professora encantada com a agitação adolescente, empenhada em contribuir para o pensar e existir genuíno de jovens com quem tenho e tive o prazer de conviver e com os quais aprendo, aprendo e aprendo!

 

Comente esta notícia

Julio Victor Ribeiro Lew 12/05/2017

Mais identificado impossível. Belo texto q toca o coração de todo mundo que passa ou lembra como é passar por essa fase!!

positivo
0
negativo
0

1 comentários

1 de 1

Algo errado nesta matéria ?

Use este espaço apenas para a comunicação de erros