Quinta-feira, 25 de Abril de 2024
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png
dolar R$ 5,15
euro R$ 5,51
libra R$ 5,51

00:00:00

image
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

00:00:00

image
dolar R$ 5,15
euro R$ 5,51
libra R$ 5,51

Colunistas Quarta-feira, 12 de Abril de 2017, 15:26 - A | A

facebook instagram twitter youtube whatsapp

Quarta-feira, 12 de Abril de 2017, 15h:26 - A | A

A mania de subjugar

PETU ALBUQUERQUE

 

Michely_Figueiredo

 

É impressionante como o sentimento de posse tomou conta de praticamente todas as relações estabelecidas entre os seres humanos. Relacionamento amoroso tem um “quê” de posse, o que por reiteradas vezes o torna abusivo. Homens que acreditam serem proprietários de suas esposas e vice-versa, embora o domínio masculino ainda seja predominante. E por conta desta crença, vemos inúmeros absurdos como estupros, cárcere privado, violência física, emocional e psicológica. E essa dominação não ocorre apenas na relação amorosa entre homens e mulheres. Ela ocorre até mesmo entre homens e mulheres que não se conhecem. Aqui exemplifico com a cantada baixo nível nas ruas.

 

Relacionamento profissional também desperta esse sentimento de “ser dono do outro” e achar que o empregado está disposto a cumprir todos os caprichos a que o empregador pretende submetê-lo, seja uma exaustiva carga de trabalho, seja o assédio moral ou a remuneração nada atrativa. Isso me faz lembrar um pouco da era escravagista. Nas devidas proporções, o sistema continua o mesmo, só não somos mais submetidos aos castigos físicos de outrora. Ainda há a célebre frase que patrões nos quatro cantos adoram pronunciar: “se você não quer, tem quem queira”!

 

Aqui também não posso deixar de citar a amizade tóxica, na qual uma das partes domina a outra, impedindo-a de conhecer novas pessoas e com elas também se relacionar. O ciúme excessivo e a necessidade de controlar a vida do próximo limitam o círculo de conhecidos, a rede de amparo e as possibilidades de novos horizontes.

Quero ainda citar as relações doentias que alguns pais mantêm com seus filhos. Pais que colocam as filhas em uma redoma de vidro, não permitindo que meninas sejam amigas de meninos, que tenham namorados, que saiam de casa, que usem as roupas que desejam e nem que possam escolher onde desejam cursar o ensino superior. Há ainda as mães que enxergam em seus filhos eternos bebês, incapazes de responderem pelos seus atos. A relação amorosa destes meninos muitas vezes naufraga pela atuação impecável dessas mães dominadoras.

 

Não quero deixar de abordar a relação perniciosa de alguns líderes religiosos com seus fiéis. Aqui não quero rotular a denominação religiosa, mas a exploração da fé alheia seja ela cristão ou não. A retirada de dinheiro de pessoas que acreditam piamente que, desembolsando quantias estratosféricas, garantirão um pedaço no céu ou a redenção de todas as falhas cometidas enquanto encarnados. Ou ainda os que batalham na “guerra santa” tirando vidas em nome da religião.

 

Pontuei a presença das relações abusivas em cada uma das esferas que permeia a vida humana para ilustrar que esse “dominar” acaba sendo generalizado.  E por vezes me questiono se esse padrão de comportamento não reflete o sistema econômico do qual desfrutamos. O capitalismo, que incentiva em nós o consumo exacerbado - criando necessidades que na verdade não existem - acaba sendo transferido para a relação entre as pessoas. Você cobra do outro que ele precisa te amar a qualquer custo, assim como acredita necessitar daquele celular de última geração.

 

O chefe se acha “proprietário” do funcionário porque paga por sua mão de obra, da mesma forma como paga pelo tênis modinha. Ora, se pago então é meu. E a mesma lógica vale para os relacionamentos amorosos abusivos, no qual uma das partes é vista como de propriedade da outra, reflexo fiel da sociedade que valoriza mais o ter que o ser.

 

A vigilância deve ser diária para que não estipulemos “preço” às relações que possuem valor incalculável no nosso caminhar.

 

Petu Albuquerque é uma mulher balzaquiana, observadora da vida, aspirante à psicoterapeuta reencarnacionista e que tem fé na mudança.

 

Comente esta notícia

Algo errado nesta matéria ?

Use este espaço apenas para a comunicação de erros