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Coluna Endireitando Quinta-feira, 02 de Março de 2017, 14:19 - A | A

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Quinta-feira, 02 de Março de 2017, 14h:19 - A | A

BR-163: O ralo que engorda

Trecho localizado no Estado do Pará, hoje acumula um engarrafamento de cinco mil caminhões atolados em lama, descaso, incompetência

LUCIANO PINTO

Marcos Lopes

Luciano Pinto

 

Lá se vão alguns anos de uma perfeita contradição: de um lado o aumento da produção de grãos, do outro, a desídia estatal da logística para o seu escoamento. Mato Grosso é o maior produtor de grãos do Brasil. Já galgou essa posição há alguns anos, inquestionavelmente. Entretanto, é um dos estados federados que mais sofre com as péssimas condições para escoar essa produção. Pra qualquer lado, e de qualquer maneira possível, as dificuldades são enormes.

 

Entra e sai ano rodovias, quando existem, esburacadas continuam. Junto disso, ferrovias e hidrovias que não saem do papel fazem com que esse assunto se torne um verdadeiro pesadelo para o produtor. Ao melhor estilo deja vu, a história se repete esse ano.

 

Me refiro especificamente à balburdia que noventa quilômetros ainda não asfaltados da BR-163 estão criando. Trecho localizado no Estado do Pará, hoje acumula um engarrafamento de cinco mil caminhões atolados em lama, descaso, incompetência, etc. Estima-se prejuízos na ordem de 50 milhões de reais, e a cada dia que passa mais R$ 400 mil ficam atolados nessa situação.

 

Isso se dá exatamente no momento quando duas situações muito conhecidas se coincidem: a safra precisa sair e as chuvas não param de cair. Embora ciente, o poder público inerte se mantém, dormindo no seu berço esplendido.

 

É hilário saber que esse caminho para o escoamento de produtos, economiza por volta de mil quilômetros daquele tradicionalmente utilizado, a saída pelo sudeste ou sul do país. Como ainda não existe a saída para o pacífico, ferrovias, hidrovias, telepatia, etc; então os envolvidos nessa cadeia de produção ficam em uma verdadeira sinuca de bico.

 

O DNIT, responsável pelo trecho, anuncia em seu portal virtual (aqui) que está executando serviços de manutenção para liberar BR-163/PA. O interessante é a seguinte frase em destaque: “Se condições climáticas permitirem, rodovia pode ser totalmente aberta ao trafego na sexta-feira”. Cômico seria, não fosse trágico: o DNIT, órgão estatal responsável pelo serviço público, está rogando à São Pedro pra conseguir resolver a situação, isso apenas daqui uns três dias.

 

Enquanto isso, mesmo com as péssimas condições estruturais, a produção anual continua batendo recorde. É uma verdadeira cruzada competir com o mercado externo nas condições internas enfrentadas. Imagine você leitor, quanto que o brasileiro não se beneficiaria se existisse uma política séria de logística para o escoamento de todos esses produtos?

 

Mesmo assim, continuamos à penar diariamente, sacrificando nosso bem-estar a troco de esmolas, enquanto o Estado faz um festival de lambanças, rezando pra São Pedro, e dando apenas ao ralo o benefício da engorda.

 

Quanto ao aspecto legal, aqui o menu é completo, todos de índole Constitucional. Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, IV), erradicação da pobreza e da marginalização e redução das desigualdades sociais regionais (art. 3º, III), liberdade de locomoção (art. 5º, XV), liberdade do exercício ao trabalho (art. 5º, XIII), entre muitos outros. Todos estes direitos, garantias, objetivos e fundamentos, são violados com essa negligencia estatal.

  

*LUCIANO PINTO é advogado do escritório LP Advocacia.  Email: [email protected]

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