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Cidades Domingo, 04 de Dezembro de 2016, 08:50 - A | A

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Domingo, 04 de Dezembro de 2016, 08h:50 - A | A

ENTREVISTA

Preconceito ainda é um dos principais desafios para estimular adoções em MT

AIRTON MARQUES/MÍDIA NEWS

Se não bastasse a dor do abandono, crianças com mais de três anos de idade precisam enfrentar o preconceito da sociedade para continuar o sonho de serem acolhidas por uma nova família, por meio da adoção. A adoção tardia, segundo a assistente social e psicóloga Marimar Michels, que ocupa a superintendência do Lar da Criança, em Cuiabá, é um dos principais desafios dos agentes que atuam nesta área.  De acordo com ela, o maior receio dos pretendentes é a história pregressa, o medo do passado e das vivências que já acompanham essas crianças.

 

Marcus Mesquita/MidiaNews

Marimar Lar das Crianças

 

“Se a criança é mais velha, se é negra, deficiente, e se tem o vírus do HIV, aí que se torna mais difícil ainda. A sociedade ainda é preconceituosa. Muitos dizem que não adotam crianças com essas características, pois não têm tempo e dinheiro suficiente para cuidar do filho adotado. No entanto, quantas famílias conseguem cuidar de seus filhos nessas condições? Então, a questão da adoção é o amor incondicional”, declarou.

 

Cuidando do Lar com 20 crianças - sendo 16 com algum transtorno/distúrbio neurológico -, Marimar ressaltou, em entrevista ao MidiaNews, que por conta da dificuldade em adoções de crianças mais velhas e com algum tipo de neuropatia, alguns dos acolhidos “serão moradores desses abrigos ‘eternamente’”.

 

No entanto, de acordo com a superintendente, tal quadro negativo está sendo revertido. Casais mais esclarecidos têm aceitado o desafio de dividir esse amor incondicional, independente de idade, cor ou diferença.

 

Leia os principais trechos da entrevista com a superintendente do Lar da Criança, Marimar Michels:

 

MidiaNews – Após as campanhas nacionais e casos de repercussão, a adoção tardia ainda enfrenta algum tipo de preconceito?

 

Marimar Michels – Na questão da adoção, a fila é muito grande para bebês de zero a três anos. A maior dificuldade é com a adoção tardia, com crianças maiores que essa faixa etária. Quanto mais tempo ficam em abrigos, mais difícil é a adoção dessas crianças e pré-adolescentes.

 

Se a criança é mais velha, se é negra, deficiente, e se tem o vírus do HIV, aí que se torna mais difícil ainda. A sociedade ainda é preconceituosa. Muitos dizem que não adotam crianças com essas características pois não têm tempo e dinheiro suficiente para cuidar do filho adotado. No entanto, quantas famílias conseguem cuidar de seus filhos nessas condições? Então a questão da adoção é o amor incondicional. Para nós aqui do Lar, é uma grande alegria quando crianças mais velhas e com alguma peculiaridade são adotadas, embora nós tenhamos um abrigo em que essas crianças estão protegidas e atendidas com o necessário para uma vida de qualidade. Muitas crianças, em todo o País, ainda aguardam a adoção.

 

MidiaNews – Os casais, quando chegam no Lar, relatam algum temor de sofrerem preconceito de outras pessoas, como familiares e amigos, por conta da adoção?

 

Marimar – Sim, existem relatos. Isso até desestimula o casal. Temos casos em que a pessoa quis adotar e foi desestimulada, mas só se sentiu novamente motivada após conversar com servidores do Lar. A família falava que dá muito trabalho, que não sabia de onde a criança adotada veio, nem sua genética. Existe muito preconceito. As pessoas ainda têm medo da história de vida dessas crianças. É mais fácil dar essa desculpa, ao invés de ser sincero e dizer que não deseja adotar.

 

MidiaNews – Os processos de adoção dessas crianças têm aumentado nos últimos anos?

 

Marimar – Sim, tem aumentado muito o número de adoções tardias, principalmente agora que se facilitou o processo de adoção aos casais homoafetivos. Eles são os que menos apresentam resistência ou até mesmo preconceito para adotar uma criança mais velha.

 

MidiaNews – Mas o que leva esses casais a escolherem pela adoção de crianças mais velhas?

 

Marimar – Acredito que seja por conta de trabalharem desde cedo, a questão das diferenças e de enfrentarem o preconceito. Temos o exemplo de um casal de rapazes que adotou dois irmãos. Um dos irmãos tinha dificuldade na aprendizagem e o outro é hiperativo. Quando observamos a educação dada por eles a essas crianças, nos emocionamos. Esse casal não tem vergonha de falar sobre a adoção. Isso mostra que está na hora de mudar a mentalidade das pessoas. O maior preconceito dos pais que saem do abrigo, mesmo que a criança seja recém-nascida, mais velha ou com alguma deficiência, é o de contar que fez uma adoção. Muitos pais buscam uma forma de esconder a adoção, ficando evidente, até mesmo, para as crianças. Diferente desses casos, esse casal teve outra atitude. São militantes da adoção. As pessoas têm uma visão errada sobre a adoção. Na verdade, todos nós somos adotados. A partir do momento em que a mulher está grávida, ela precisa aceitar seu filho. O bebê nasce e os pais precisam adotá-lo. Um filho biológico também é adotado pelos seus pais. Apenas a forma com que essa adoção foi feita que é diferente. Ser pai e mãe é um processo de construção.

 

MidiaNews – Em sua opinião, por que muitos desses pais apresentam dificuldade em assumir que seus filhos são adotados?

 

Marimar – Há questões pessoais, como a de muitos não serem capazes de gerar filhos. Acabam escondendo essas adoções, algo que não é recomendável. Ainda há o medo de expor a criança por conta do preconceito da sociedade. Existem vários fatores que dificultam os pais a abrirem o jogo. É preciso estar resolvido emocionalmente e preparado para o que vem da sociedade. É nossa sociedade que precisa mudar sua mentalidade sobre essa questão.

 

MidiaNews – Todas as crianças acolhidas pelo Lar foram abandonadas pela família?

 

Marimar – Muitos são deixados nos hospitais ou no Juizado da Criança e Adolescente. Outros são retirados das famílias por denúncias de maus-tratos e negligência ao Conselho Tutelar. É muito difícil julgar essa questão do abandono. Pois ele pode ser encarado como um ato de amor, já que a mãe, sem condições de criar, prefere entregar o filho para uma instituição à espera de que uma nova família cuide melhor. Já conheci uma mãe fazendo água com trigo, como se fosse leite, para alimentar seus filhos, pois não tinha comida em casa. Nesse caso, a mãe também tinha problemas mentais, e, por isso, fizemos a orientação ao Juizado que o melhor era retirar a guarda das crianças. Dos três filhos dessa mãe, duas meninas foram adotadas e um menino continua sendo cuidado pelo Lar, pois não foi adotado por ter uma deficiência mental. Há também casos de mães usuárias de drogas. É triste ver a realidade dessas famílias totalmente desestruturadas. A mulher engravida e não consegue criar o filho por conta da droga e do alcoolismo. A mulher maltrata, não trabalha, mas, se formos ver a história por trás dessas mães, são casos tristes, também de abandono. Essa é até uma das questões que atrapalham a adoção tardia, pois os pais acreditam que as crianças, por terem convivido um período com essa família desestruturada, aprenderam o que é errado. Mas essas crianças precisam de uma chance de aprender o que é correto. E também sabemos que não existe família perfeita.


MidiaNews – As histórias dessas crianças abandonadas e agredidas chegam a lhe impactar?

 

Marimar – Claro que sim. Há pais que chegam a quebrar garrafa na cabeça de criança, a chutar seus filhos, ao ponto de ser necessário fazer cirurgia para reconstituir o sistema digestivo. São muitas histórias tristes. Em sua maioria, ligadas a pais usuários de drogas. Das nossas crianças abrigadas, 80% são filhos de pais dependentes químicos. Eles ficam violentos, saem do controle e acabam maltratando essas crianças. Mas, no fundo, esses pais são vítimas sociais. Por conta desse histórico de agressões, nós precisamos mostrar outra realidade a essas crianças. Convencê-las que podem ser amadas e ter uma família. Quando essas crianças se sentem seguras, amadas e com a certeza de que não serão devolvidas para um abrigo, elas se tornam eternamente gratas. Nós temos o caso de um casal homoafetivo que adotou dois irmãos. Um desses meninos tinha dificuldade de aprendizado, mas, após dois meses com a nova família, aprendeu a ler e está evoluindo educacionalmente.

 

MidiaNews – Como é o trabalho com essas crianças nascidas em famílias desestruturadas?

 

Marimar – O nosso trabalho é voltado para, além da humanização, a questão da convivência comunitária, como fala o Estatuto da Criança. Começamos a levá-los ao mercado, a realizar passeios, ir a Igreja. Eles acabam gostando muito do Lar. Em alguns casos, acabamos precisando fazer um trabalho inverso, conversando para que elas se desliguem desse local e queiram ir com sua família adotiva.

 

MidiaNews – O que temos como senso comum é a enorme burocracia para se fazer uma adoção. Isso tem melhorado?

 

Marimar – Melhorou, sim. O Juizado Especial da Infância e Adolescência e a Promotoria estão trabalhando de forma a agilizar esses processos de adoção. No nosso Lar, uma criança de onze anos, portadora do vírus do HIV, está em processo de adoção. O pai colocou no cadastro a possibilidade de adoção de uma criança acima dos dez anos, podendo ter algum tipo de deficiência e até ser portadora de HIV. Então, esse processo está mais rápido, pois nesses casos a procura é bem menor.

 

MidiaNews – O Lar também é responsável por receber as famílias que desejam adotar?

 

Marimar – Não. O Lar não tem esse contato com as famílias que querem adotar. Quando as famílias chegam até aqui, elas já têm autorização judicial para conhecer determinada criança, já no processo de escolha para a adoção. Nosso papel é o de cuidar dessas crianças e pré-adolescentes. Neste processo de adoção tardia, após os pretensos pais conhecerem a criança, os nossos técnicos apresentam à juíza um relatório sobre esse primeiro encontro. Se der tudo certo, começa o processo de aproximação sucessiva. Nessa fase, as crianças podem ser levadas para as casas dessas famílias nos finais de semana, por exemplo. Essa aproximação, em alguns casos, é rápida; em outros não. Mas, normalmente, esse processo dura seis meses. Por fim, nossos técnicos fazem um novo relatório, ressaltando a possibilidade ou não da adoção. A decisão final é da Justiça, que pode determinar a guarda provisória de seis meses ou definitiva. Temos casos também de familiares biológicos que visitam as crianças. Como de uma avó que sempre vem visitar o neto atendido por nós, que tem a síndrome de Down e uma patologia. Ela quer levá-lo e estamos com um trabalho de reestruturar a casa dela, para recebê-lo, já que ele é atendido por uma "home care".

 

MidiaNews – Existem casos de “devolução” de crianças adotadas?

 

Marimar – Existe. Temos caso deste ano de um casal de gêmeos que foi devolvido pela família adotiva. Além de outro caso, de uma criança de dez anos que foi devolvida por três famílias diferentes. E que só deu certo na quarta. Nestes casos, há dois lados: o dos pais, que não conseguem se adaptar e estabelecer um controle. E o lado da criança, que não gostou da família e não viu os adotivos como pais. É preciso haver uma “química” entre adotado e pais. Tivemos um caso de uma das meninas que identificou um cuidador do Lar como pai. Ela já o chamava de pai e começou esse processo de aproximação. Aí o cuidador e sua família adotaram a menina.

 

MidiaNews – E como fica a situação dessas crianças devolvidas pelas famílias?

 

Marimar – Fica muito complicada. A criança, de certa forma, já se sentia rejeitada por ter sido abandonada pelos pais biológicos. Imagina sendo devolvida? A reação dessa criança depende da forma com que iremos recebê-la de volta. Temos um trabalho especial por conta da nossa equipe já treinada para essas situações. Hoje nós trabalhamos de forma mais “aberta”. Quando a criança está em processo de adoção, conversamos com ela, dando orientações: dizendo que ela deve respeitar os seus pais, as regras da nova casa e outras questões.

 

MidiaNews – Existe um limite de idade para que essas crianças possam ficar aqui?

 

Marimar – Atendemos crianças de zero a doze anos. Porém, estamos em uma situação atípica. Estamos com 20 crianças e, até o próximo semestre, quatro devem ser adotados. Ficarão 16 crianças neuropatas. Temos um menino com autismo que entrou no Lar com três anos e hoje já está com 22. Além de outras meninas, também com autismo, que completaram 15 e 18 anos. Todas essas crianças exigem um cuidado especial.

 

MidiaNews – Quais são as principais dificuldades para que essas crianças com neuropatias sejam adotadas?

 

Marimar – Primeiro é a questão da construção que todos fazemos de que nossos filhos serão perfeitos, sem nenhuma diferença que fuja do padrão. Essa idealização nós fazemos nos casos de filhos biológicos e adotivos também. O segundo ponto é a questão financeira, que realmente dificulta. A partir do momento em que se adota uma criança nessas condições, é preciso estar preparado para dar toda a estrutura necessária para manter uma qualidade de vida. Terceiro é a questão do tempo. Por conta do trabalho, muitos alegam que não têm tempo para se dedicar ou, até mesmo, pagar uma pessoa para dar esse cuidado. Aqui no Lar, essas crianças têm tudo. Falta apenas o amor e carinho de uma família. Mas há pessoas com amor incondicional. Como aconteceu em três casos de adoção de crianças especiais nos últimos anos. É de se emocionar quando nos deparamos com estes casos. Estamos pensando em uma campanha voltada à adoção dessas crianças neuropatas, para buscar a conscientização da sociedade. Está na hora de mostrar mais essa situação, para que as pessoas se comovam.

 

MidiaNews – Existem casos de famílias biológicas que buscam a guarda dessas crianças deixadas no Lar? Qual é o procedimento?

 

Marimar – Sim. Na última semana apareceu o pai de duas crianças de oito e dez anos. Nestes casos, nós encaminhamos para o Juizado. Lá, onde existe uma equipe técnica, se faz uma avaliação.

 

MidiaNews – Em 2013, o Lar entrou em um momento triste, com casos de escândalos e denúncias de agressões aos menores abrigados – até mesmo, com muitos casos de fugas. Isso ainda é uma realidade?

 

Marimar – Fui chamada em 2014. Foi um desafio que aceitei, pois estava ciente dessas denúncias. Quando entrei, o Lar tinha 108 crianças. Hoje, baixamos esse número para apenas 20. Chegamos a viajar em busca dos familiares de crianças que estavam abrigadas aqui. Quando entrei, o Lar também estava passando por um momento de mudança, com a troca dos cuidadores, já que o Governo havia realizado um concurso para ocupar esses cargos. Hoje, podemos afirmar que, com os novos servidores e o apoio da Justiça, conseguimos modificar o Lar, em um processo de humanização do acolhimento. É visível que as crianças são apaixonadas pelos cuidadores e demonstram confiança.

 

MidiaNews – Muito tem se falado, nos órgãos públicos, de falta de condições de trabalho por causa da crise e da queda na receita do Governo. Por ser uma entidade do Governo, o Lar da Criança está sentindo essa crise?

 

Marimar – Não tem afetado, o Estado não deixa faltar nada para as crianças atendidas. Além disso, nós corremos atrás de parceiros. Temos pessoas e empresas que sempre nos ajudam, independente do apoio dado pelo Governo do Estado. São mais de 60 parceiros, além de pessoas que esporadicamente fazem algum tipo de doação, como de fraldas, que sempre são bem-vindas, uma vez que muitas crianças fazem uso. Empresas como o Shopping Três Américas, que oferece o cinema, Nossa Pizza, Serra Restaurante... Até mesmo uma empresa que faz a manutenção das bicicletas que algumas crianças ganharam. O Condomínio Florais, por exemplo, está preparando uma festa de Natal para as crianças. Há dentista, que deu o tratamento e aparelho ortodôntico. Curso de inglês, óculos de grau...

 

MidiaNews – Atualmente, o Lar é mantido pelo Governo do Estado, mas existe um processo de municipalização. Qual o motivo desse processo e em que pé está?

 

Marimar – Esse processo começa com uma determinação do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). Os abrigos estaduais devem ser municipalizados e transformados em casas lares, fazendo com que as crianças convivam em um ambiente mais próximo possível de uma casa comum. Com o fim da eleição e a posse de um novo prefeito, esse processo deve ser finalizado até julho de 2017. A intenção é passar essas crianças para uma casa lar, comandada pelo município. Esse trabalho que está sendo feito no Lar da Criança deve ser estendido a todo o Estado.

 

MidiaNews – Com a baixa procura por adoções tardias, existe o risco de alguma dessas crianças ficarem nos abrigos até a fase adulta?

 

Marimar – Sim. Sempre teremos crianças que serão moradores desses abrigos “eternamente”. Em Várzea Grande, por exemplo, existe uma casa lar, em que os acolhidos ficam até 18 anos. Pois não há como retirá-las desses lares. Há casos de adultos que continuam morando, mesmo fazendo faculdade e trabalhando. Só saem dos lares quando conseguem alugar uma casa e se manterem financeiramente sozinhos. Conheço três irmãos que já conseguiram uma casa, trabalham, mas passam o Natal e outras datas comemorativas no lar em que foram criados, pois a família deles está lá. Esperamos que a Prefeitura continue o trabalho que realizamos aqui. Algumas crianças vão ser “eternamente” filhas de um abrigo, da sociedade.

 

MidiaNews – Como é trabalhar num lugar como o Lar das Crianças?

 

Marimar – Quem é destinado a trabalhar em um ambiente com essas crianças - que só tem a nós para cuidarem delas - repensa sua própria vida. Nós saímos daqui muito melhores, mais humanos e humildes. Todos nós, quando chegamos em casa, nos deparamos com muitos problemas, mas são questões bem menores quando nos lembramos daqui, da história de vida dessas crianças. Na verdade, são essas crianças que nos ensinam. Nos mostram o significado de vida e amor.

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