O anúncio de uma possível parceria entre a prefeitura de Cuiabá e o artista plástico Romero Britto gerou polêmica nas redes sociais e foi alvo de críticas feitas por representes do meio artístico da Capital. Alguns iniciaram até um movimento contrário à ideia. Com o objetivo de elaborar uma obra de arte para celebrar o tricentenário da cidade, a parceria é vista como “falta de sensibilidade” e até empolgação.
A artista plástica Ruth Albernaz lançou, no último sábado (26), a campanha “Não à Romerização de Cuiabá”, que pede esclarecimento sobre a possível parceria e também mais reconhecimento para os artistas locais. Segundo a autora, não ficou clara a intenção do prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB) com o artista pernambucano Romero Britto.
Para o artista Gervane de Paula, tudo não passa de uma confusão. “A gente espera que ele [Emanuel Pinheiro] não venha a fazer isso. Acho que a própria situação dele, política e moral, não dá condições”, disse.
Segundo Gervane, embora o prefeito já tenha exercido diversos cargos políticos e “bata no peito” seu orgulho por Cuiabá, lhe falta conhecimento sobre o tema. “Ele nunca teve envolvimento com a cultura e com as artes visuais mato-grossenses, não tem conhecimento. Ele mora aqui há muito tempo, já foi vereador, deputado, secretário, mas não tem capacidade para isso”.
Gervane acredita, porém, que tudo não tenha passado de um mal entendido. “Acho que não é bem assim, não é verdade, mas não concordo com isso. E ele tem que consultar os artistas, o secretário e o Conselho Municipal de Cultura. Ele não pode passar por cima. Então acredito que ele só estava empolgado com a visita em Miami”, avaliou.
O escritor Eduardo Mahon, ex-presidente da Academia Mato-Grossense de Letras, ponderou que intercâmbio cultural é algo positivo, quando realizado no momento e contexto certo. “Eu acho, por exemplo, que novos artistas precisam ser convidados a virem para Cuiabá. Esse intercâmbio é super importante. Agora, nos 300 anos é uma falta de sensibilidade chocante”, comentou.
“300 anos é uma data inteira, onde vão ser decantados os valores de Cuiabá. É para isso que serve uma comemoração centenária. Não é uma questão de endogenia, é uma questão de oportunidade. É ótimo que novos artistas venham, façam exposição, mas não para o tricentenário. É um pouco falta de amor, ou mesmo de ciência, de que na terra existe gente boa. Vai perder a maior oportunidade que existe na história de Cuiabá, que é o tricentenário”, explicou.
A polêmica
Para fechar o circuito de viagens em busca de parcerias nos Estados Unidos e fortalecer o aniversário de Cuiabá, Emanuel Pinheiro se esticou até Miami, na Flórida, onde conheceu o estúdio do artista pernambucano. Lá, apresentou a Capital e as ideias para a festividade.
Em matéria veiculada no site oficial, a prefeitura informou que Pinheiro “deixou em aberto a possibilidade da criação de uma obra artística exclusiva em alusão aos 300 anos e também da realização de um workshop para artistas cuiabanos”, fato que gerou a polêmica no cenário local.
Outro lado
Procurada pelo HiperNotícias, a prefeitura reiterou, por meio da assessoria de imprensa, que o posicionamento oficial segue o mesmo divulgado na semana anterior: não há parceria fechada entre o órgão e o artista plástico.
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