Autor de um dos crimes mais bárbaros ocorrido em Cuiabá, Weber Melques Venan de Oliveira, 27 anos, se diz preparado para voltar ao convívio social porque está arrependido e condenado pelo erro que cometeu ao matar sua namorada, Katsue Stefani Pereira dos Santos, 23 anos, à época. Depois do assassinato, ele queimou o corpo dentro de um forno de pizzaria, no bairro Parque Barbado, no dia 3 de fevereiro de 2012.
Alan Cosme/HiperNoticias
Weber recebeu a equipe do HiperNotícias dentro do Centro de Ressocialização
Weber conversou com o HiperNotícias para contar um pouco da sua vida dentro do cárcere e falar sobre seu futuro. Segundo ele, o maior erro de sua vida foi ter entrado para o mundo das drogas. Ele confessa que tinha usado muita droga e bebida alcoólica. O condenado afirma que ficou enfurecido ao saber que Katsue, pessoa com quem ele estava namorando há dois meses, era garota de programa.
Atualmente, aguardando cada segundo pela sua liberdade condicional, o "assassino da pizzaria", como ficou conhecido Weber, afirma que se arrepende de tudo que fez naquela madrugada e que não é um monstro, como foi taxado pela sociedade que o condenou bem antes dele sentar no banco dos réus. "Eu não sou bandido, cometi um erro. Me arrependi e estou pronto para voltar à sociedade. Eu me arrependo de tudo, mas sei que meu futuro será diferente. Tem muita gente que me ama", disse o detento.
O Crime
Conforme denúncia oferecida pelo Ministério Público, o crime aconteceu no dia 3 fevereiro de 2012, na Pizzaria Fornalha, localizada no bairro Barbado, na Capital. O réu é filho do proprietário do estabelecimento comercial. Conforme a denúncia, Weber matou Katsue por motivo fútil, por meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
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Weber após desferir uma facada contra a Katsue, ele acedeu o forno da pizzaria, que já estava fechada, e a jogou dentro. Depois disso, foi dormir e quando acordou, acabou fugindo. Weber se apresentou à polícia 10 dias depois e, desde então, permanece preso no Carumbé. Em 2015, ele sentou no banco dos réus do Fórum de Cuiabá e foi condenado por 17 anos e seis meses pelo crime de homicídio qualificado.
Confira abaixo a entrevista completa cedida por Weber com exclusividade ao HiperNotícias.
HiperNotícias - Como era sua vida antes de cometer o assassinato contra Katsue?
Weber - Tinha uma vida normal antes de entrar aqui. Sempre fui trabalhador, honesto. Era chefe de cozinha da pizzaria de meu pai, porém, no mundo da noite, tudo acontece. Eu curtia a vida. Tinha um carro e uma moto, empinava a moto e curtia bastante com os amigos, mas muito cedo, desde os 16 anos, conheci boate, mulherada, drogas e bebida alcoólica. Estudei até o primeiro ano do ensino médio e voltei para o mundão. Minha família sempre foi evangélica, pedia para eu não sair e curtir, empinar a moto, mas eu achava que nada ia acontecer comigo. Nada mesmo. Achei que só acontecia com os outros, não comigo, mas aconteceu.
Hiper - Conte um pouco dos momentos que antecederam o assassinato.
Weber - Eu namorava há dois meses com a Katsue. Ela também era usuária de drogas. Sempre que chegava à noite, eu ia trabalhar na pizzaria e ela sumia. Não sabia que ela era garota de programa. Meus amigos me disseram que ela era, mas eu não acreditava. Até que eu descobri. Fui no bairro Alvorada, em uma boate, e ela estava lá. Eu encontrei ela fazendo programa, isso mudou tudo. Antes de encontrá-la, eu já tinha bebido e usado muita droga. Fui no Rio Sampa (local hoje fechado) e por volta das 3h da manhã fui atrás dela (Katsue). Cheguei no lugar, vi ela com outras meninas. Conversei com ela e perguntei se de fato ela era prostituta? e ela me confirmou que sim. Me pediu desculpas e tal, eu perdoei ela na hora, mas eu só queria ir embora. Ela não deixava eu ir embora, iInclusive, queria ir comigo. Eu disse que não, que estava fora de mim e tal, que poderia até matar, ela respondeu que eu não ia matar ninguém e subiu na moto. As imagens do circuito de segurança apresentadas no meu julgamento comprovam isso. Eu estava nervoso, mas ela insistiu muito e fomos embora. Eu já tinha falado para ela largar dessa vida que daria uma vida normal pra ela, mas não queria deixar a prostituição.
Seu falar pro senhor que eu não lembro do crime, eu estou mentindo. Mas como estava drogado, eu não lembro de tudo. Quem comete um crime e não lembra, é mentiroso. Eu conversei com ela, dei uma facada nela e só isso. Matei com uma facada, mas eu não esquartejei ninguém. Existe muita história errada. Eu estava tão fora de mim, acendi o fogo e joguei o corpo dela lá e fui dormir.
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Hiper - E depois, o que aconteceu quando você acordou?
Weber - Meio dia meu pai chegou e perguntou o que tinha acontecido. Sem saber direito de tudo, pois eu lembrava vagamente, disse que tinha matado uma pessoa e depois disso fugi. Fiquei dez dias foragido e depois me entreguei. Dez dias não dormi e, por isso, ao me arrepender, fui pra delegacia e me entreguei. O que mais pensava em minha vida era tudo que eu deixei pra trás. Eu tinha tudo, tinha carro, tinha moto, participava de festas, tinha mulheres, tinha tudo. Mas por causa da droga e num minuto de bobeira meu, acabei com tudo e matei uma pessoa. Eu perdi um futuro, eu era requisitado como chefe de cozinha. Pizzaiollo de qualidade, e fui pensar o que eu fiz da minha vida. Ai decidir pagar pelo meu crime.
Hiper - E qual seu pensamento sobre cadeia?
Weber - Eu nunca tinha sido preso antes. O que eu tinha na cabeça era que na cadeia tinha presos apanhando, muitas brigas, que cabeças rolavam, presos eram espancados. Eu pensei que presos igual eu, que matou uma mulher, iria chegar aqui, ia morrer, ia apanhar. Mas é tudo diferente. Nunca levantaram a mão pra mim. Aqui dentro tem igreja, onde eu sou membro, então, tudo é diferente.
Hiper - E seus parentes. Eles vêm te ver aqui na cadeia?
Weber - Estou aqui há quatro anos e oito meses. Muita gente vem me ver. Meus pais, minhas tias, minha mulher. Conheci essa pessoa faz tempo, ela sempre foi apaixonada por mim, mas eu na época era bagunceiro e não queria nada. Ela foi trabalhar com minha família e meu irmão acabou dando uma força e ela acabou vindo me visitar. Os pais delas me apoiam sobre a volta por cima na vida. Eles me amam e querem meu bem.
Hiper - Qual a expectativa fora da cadeia?
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Weber contou que pretende se casar quando sair da cadeia
Weber - Eu tenho muitos amigos que ainda gostam de mim. Para se ter ideia, eu trabalho com tapeçaria e quando o povo que vem visitar fica sabendo que eu que fiz, os tapetes são vendidos rapidamente. Hoje estou limpo e quero sair daqui e me casar. Meus pais nunca me abandonaram e isso me fortalece a sair daqui e ter um futuro bem diferente do que tudo que já vivi. Eu não sou bandido. Eu cometi um erro em minha vida enquanto estava sob efeito de drogas e agora estou pagando por ele.
Hiper - Você se considera um homem perigoso?
Weber - Sou trabalhador, não sou criminoso. A droga muda o homem. Eu cai num segundo de vacilo causado pela droga. A droga leva o usuário para o cemitério ou para a cadeia. Eu matei alguém e agora estou pagando. Hoje eu ajudo as pessoas que chegam aqui e falo da importância de sair do crime, mas de fato não sou perigoso, não sou malvado e muito menos monstro.
Hiper- Qual seu futuro depois daqui?
Weber - Quero casar com minha companheira e ir embora de Mato Grosso. O que eu já fiz jamais será apagado. Eu tenho uma mancha, infelizmente. Mas quero fazer um novo método de vida. Inclusive, tenho um plano de montar uma casa de recuperação. Eu já conheci os dois lados e sei que tem muita gente que precisa de ajuda.
Meu pai é meu maior exemplo. Eu já estou superado desse crime. Estou 100% recuperado e arrependido. Não sou monstro. Sou uma pessoa que errou e tenho direito de mais uma chance. Nunca atirei, nunca roubei. Não sou bandido, sou trabalhador. Quem me vê nas ruas daqui um tempo pode ter certeza que terá diante de um cidadão de bem.
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