Com quase de 30 anos de existência, o bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá, é alvo de várias reclamações. A principal queixa dos moradores é em relação ao abandono de espaços públicos que deveriam servir à comunidade a comunidade e hoje estão de "portas abertas" apenas para a marginalidade.
Alan Cosme/HiperNoticias
Alguns dos vários problemas relatados por quem vive no local se concentram na extensão da rua 19 com a Rodovia Emanuel Pinheiro - estrada que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães -, região onde fica o posto de saúde, a praça, o centro comunitário, a padaria comunitária e uma fábrica de leite de soja e derivados que não funciona mais.
A fábrica foi inaugurada em 2004 e fez parte do programa "Leite para Todos", da Prefeitura de Cuiabá, com objetivo de distribuir leite de soja em diversos sabores às creches e entidades filantrópicas, além de atender famílias carentes da região.
A praça do bairro foi inaugurada e entregue à população em 2011, por iniciativa do Ministério Público Estadual (MPE). A obra foi realizada pela construtora Ginco Empreendimentos, com recursos oriundos de penalidades (de crimes cometidos contra o meio ambiente) convertidas em transações penais (multas).
De acordo com a moradora Kênia Leite, 24 anos, faz tempo que o local está abandonado e só recebeu reparos há algumas semanas, depois que ela enviou uma reclamação pelo Whatsapp para uma emissora de televisão da cidade.
“Eu reclamei sobre a situação da praça, o mato estava alto, não dava para andar, tem muito lixo e as lâmpadas do poste estavam todas queimadas. Uma semana depois, vieram aqui e trocaram as lâmpadas e cortaram o mato, mas a praça continua destruída. Só construíram e abandonaram”, reclamou a moradora.
Outro morador denunciou ao Hipernotícias que diversas vezes flagrou um grupo de jovens usando drogas atrás do posto de saúde, que atende aos bairros Jardim União e Jardim Florianópolis.
“Eu sempre passo por aqui a noite, quando venho da caminhada e diversas vezes eu vi um grupo de cinco ou seis rapazes saindo da praça e passando para o quintal do postinho, eles vão lá para fumar maconha, aproveitam que o local é escuro e não tem muro”, contou o morador.
Não foi possível entrar em contato com o responsável da unidade, pois o local estava fechado para reforma.
De acordo com uma placa instalada na frente do PSF, a unidade passa por reforma e ampliação. A obra teve início em março de 2018 com previsão de entrega em maio do mesmo ano, porém, o local ainda permanece em obras quatro meses após o prazo fixado.
No endereço, estavam apenas os pedreiros que trabalham na obra. Ao serem questionados sobre o responsável pela unidade, um deles informou que o guarda não estava presente, mas os atendimentos aos pacientes estavam sendo realizados no centro comunitário do Jardim União, bairro vizinho.
Ao tentar localizar o presidente do bairro para obter esclarecimentos sobre as denúncias recebidas e em relação a insatisfação dos moradores, a única informação é que o seu nome é Timóteo e que é um morador do bairro, porém, ninguém sabe ao certo de quem se trata.
O Centro Comunitário já abrigou vários projetos sociais como aulas de capoeira, curso de corte e costura, Projeto Agente Jovem - Projeto de Desenvolvimento Social e Humano, que visa definir uma proposta de ocupação destinada a jovens em situação de risco e vulnerabilidade social, que não configure trabalho, mas que possibilite, de fato, experiências práticas que os preparem para futura inserção no mercado de trabalho e permanência no sistema educacional.
Ao lado do Centro Comunitário, funcionava também uma Fábrica de Leite de Soja que fornecia leite a comunidade de forma gratuita, em seguida foi construída a Padaria Comunitária com o propósito de dar cursos de confeiteiro e padeiro a população, além de vender pães a preços mais acessíveis. No entanto, a padaria não vende mais pães para a comunidade, atendendo apenas projetos sociais da prefeitura e a fábrica de leite está parada.
Outra queixa relatada, é que mesmo com várias ruas do bairro asfaltadas, muitas delas, a exemplo da rua 19, só receberam a pavimentação asfáltica em alguns trechos.
Assim como a questão do asfalto, a rede de esgoto contempla apenas uma parte do bairro, de modo que em algumas ruas os dejetos correm a céu aberto.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde informou que será construído um alambrado para separar a praça da unidade de saúde.
Em relação a praça e o Centro Comunitário, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos enviou uma nota destacando que tem buscado garantir a consolidação dessas estruturas nos bairros da Capital em parceria com o Poder Legislativo, por meio de destinação de emendas parlamentares, mas, ainda não consegue estabelecer um prazo para atender à solicitação dos moradores.
Confira a nota da Secretaria Municipal de Saúde na integra
A Secretaria Municipal de Saúde informa que o PSF Jardim Florianópolis está passando por reforma e ampliação e está prevista a construção de um alambrado para separar a praça da unidade de saúde. O PSF Jardim Florianópolis tem 4 vigilantes, que se revezam em turnos de 12h por 36h. Quando algum deles presencia algum fato fora do normal, a polícia militar é acionada para a verificação da ocorrência.
Confira a nota da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos na integra
A Prefeitura de Cuiabá destaca que, dentro de um planejamento seguido pela atual gestão, tem buscado sempre ouvir as sugestões de moradores, lideranças comunitárias e demais setores que compõem a sociedade como um todo.
O atendimento a demandas referentes à construção ou reforma de Centros Comunitários, por exemplo, tem sido um dos temas constantemente debatidos entre o poder públicos e as lideranças comunitárias de Cuiabá. A Prefeitura compreende e reconhece a importância desses espaços para o desenvolvimento de diversas atividades que beneficiam públicos de diferentes faixas etárias.
Nesse sentido, salienta que, em parceria com o Poder Legislativo, por meio de destinação de emendas parlamentares, e também com a aplicação de recursos da Fonte 100 municipal, tem buscado garantir a consolidação dessas estruturas nos bairros da Capital.
A atuação é coordenada pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e desde que foi colocada em prática já atendeu bairros como Três Barras, Ouro Fino, Porto, Grande Terceiro, Jardim Primeiro de Março, dentre outros. No caso do Florianópolis, a Prefeitura ainda não consegue estabelecer um prazo para que a solicitação seja atendida.
Referente à praça pública, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos informa que tem trabalhado para revitalizar essas áreas fundamentais para a comunidade. Neste momento, a pasta está atuando em pelo menos 20 bairros diferentes e pretende ampliar ainda mais a ação.
A medida segue a determinação do prefeito Emanuel Pinheiro de promover a democratização da atuação da poder público, levando para os bairros mais afastados da região central ações que elevem a qualidade de vida do cidadão e assegurem o embelezamento da cidade. Diante disso, a Prefeitura destaca que irá incluir o bairro dentro do cronograma do programa.
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