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Cidades Domingo, 28 de Janeiro de 2018, 08:05 - A | A

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Domingo, 28 de Janeiro de 2018, 08h:05 - A | A

MORRO DA LUZ NA ESCURIDÃO

"Isso aqui é um inferno. Tenho que dormir aqui senão invadem", reclama comerciante

JESSICA BACHEGA

“Isso aqui está um inferno. Tenho que dormir aqui todo dia, senão invadem”, afirma indignado um comerciante que há 43 anos mantém lanchonete no alto do Morro da Luz. O local é um dos pontos turísticos mais conhecidos de Cuiabá e já foi usado para encontro de cuiabanos em busca de ar fresco, se divertir com amigos, realizar atividades físicas ou mesmo contemplar a beleza da cidade. Hoje é moradia para sem teto e usuários de drogas.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

escadaria morro da luz

 

O comerciante não quis se identificar por temer mais ataques, mas ressaltou nervoso que durante muito tempo o pequeno comércio rendia dinheiro razoável. Muitos estudantes, namorados e turistas frequentavam o Morro e iam até o estabelecimento para lanchar, mas hoje ninguém passa pelo local considerado um dos mais perigosos da Capital.

 

“Era cheio de carro aqui no fim de tarde. Eu vendia 400 salgados por dia, hoje nem encomendo o lanche mais. Eu fazia mil reais por dia. Naquela época era muito dinheiro. Agora mal consigo pagar as contas”, lembra o comerciante.

 

Ele relata que precisa dormir na lanchonete todo dia para inibir que os moradores do Morro invadam o local e roubem toda a mercadoria, fato que acontece sempre que ele se ausenta na microempresa.

 

No dia em que a reportagem do Hipernotícias esteve no local, o comerciante disse que tinham entrado na lanchonete e que um vizinho ouviu o barulho e lhe informou. Quando o homem chegou, se deparou com um invasor prestes a fugir com uma caixa de refrigerantes nas mãos. O usuário ainda ameaçou o dono da lanchonete com uma faca, mas acabou fugindo para o mato.

 

Reclamação  semelhante é a do empresário Herminio Junior Silva, que há um mês comprou um restaurante na Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha) e desde então não tem sossego. “A antiga dona vendeu porque não aguentava mais eles aqui todo dia”, relata.

 

Animado em abrir o próprio negócio, o rapaz enfrenta a perturbação dos moradores de rua da região. Como alternativa para evitar as invasões, ele paga uma pessoa para dormir no restaurante. E tem funcionado. “Eles não entraram mais. Mas tentaram quebrar a janela para invadir, quando viram que tinha gente, fugiram”, conta.

 

Quando conseguem acessar o comércio, levam o que encontram de valor. Se não acham nada, cortam os fios dos eletrodomésticos e quebram os móveis, conta Hermínio apontando os fios remendados, as janelas tortas e o forro “estufado” por onde os sem teto entraram. Quando não conseguem entrar, usam os corredores entre os comércios e as calçadas como banheiro e dormitório.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

drogados/morro da luz

 

Outro antigo comerciante da região diz que já foi vítima de assalto por algumas vezes e que os moradores do Morro da Luz “incomodam” todo dia. Sempre vão ao local pedir dinheiro ou comida. “A gente meio que tem um ‘acordo’ para que eles nos deixem trabalhar. Sempre que podemos damos o que eles pedem para que não fiquem aqui na porta perturbando”, disse o empresário que está há mais de 20 anos no mesmo ponto.

 

Ele ainda questiona o papel da polícia na região, pois existe uma base da Polícia Militar no Beco do Candeeiro e os usuários consomem a droga ao lado da unidade. “Não vejo diferença nenhuma entre a polícia estar ali ou não. Eles ficam lá do mesmo jeito”, pontua.

 

O empresário conta que o horário de “pico” da movimentação dos usuários é após as 15 horas. Eles dormem na parte da manhã e à tarde começam a circular pelo local e se reunir no beco onde usam drogas, abordam as pessoas, brigam, pegam água para levar para o morro e ali ficam até a madrugada.

 

“É triste ver a situação desse povo. Às vezes aparece um novato aqui, bonito, forte com roupa legal. Passa quatro meses ele está magro, descalço, vestindo trapos e dali a pouco some. É essa a rotatividade. Eles ficam aqui no máximo seis meses, depois somem e chegam novos”, relata.

 

Um morador das proximidades da escadaria do Morro da Luz também reclamou da falta de segurança, pois são frequentes os episódios em que os sem teto invadem seu quintal. "Hoje mesmo eu acordei e tinha um tentando entrar pelos fundos. A gente não tem paz". 

 

Mudança da Ilha da Banana para o Morro da Luz

 

No ano passado o centro comercial abandonado na Ilha da Banana foi demolido e alguns sem teto que moravam no local foram levados para abrigos mantidos pela prefeitura. Outros não quiseram a  ajuda e ficaram pelas ruas.  Muitos deles hoje são moradores do Morro da Luz.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

escadaria morro da luz

 

Exceto os moradores do ponto turístico, ninguém sobe o morro. Quando tenta é impedido pelos usuários. Segundo relatos de pessoas que trabalham na região, eles moram em barracas improvisadas no meio da mata. São homens e mulheres de todas as cidades dividindo o espaço público.

 

Enquanto a reportagem esteve na região, o sobe e desce do morro era grande. Logo quando a equipe chegou se deparou com alguns garis limpando a calçada enquanto dois residentes do morro cochichavam na calçada, um deles com um corotinho de pinga nas mãos e o outro com um vidro de perfume. Passados alguns minutos, ambos foram para o Beco do Candeeiro. “Olha lá, já vai usar. Tenho dó desse povo, eles ficam zanzando o dia todo, uma hora morre atropelado por um carro aqui”, disse um dos trabalhadores da prefeitura.

 

A movimentação de pessoas com baldes nas mãos para cima e para baixo do morro também é grande. No Beco do Candeeiro existe uma torneira de onde eles pegam água e levam para os barracos onde realizam a higiene pessoal.

 

Alan Csome/HiperNoticias

casa singer/ilha da banana

 

Apesar dos garis limparem o entorno do Morro, o cheiro da sujeira e da urina é onipresente, impregnado no ar. Logo em frente ao lugar, há um ponto de ônibus sempre cheio de pessoas esperando o transporte coletivo. O medo da abordagem dos sem teto é constante, como contou um rapaz que trabalha no carregamento dos cartões de transporte.

 

Além do Morro da Luz, outros imóveis da região, como a Casa Singer, estão sendo usados com morada pelos “despejados” da Ilha da Banana.

 

Ao Hipernotícias, a Prefeitura de Cuiabá informou que a limpeza no Morro é feita semanalmente, conforme cronograma. “Uma vez que a insalubridade do local é consequência da permanência da população que morava na Ilha da Banana e migrou para o Morro da Luz”, diz nota encaminhada.

 

É realizado o trabalho de humanização entre os moradores do local, Eles são convidados a irem para casas de abrigo, porém não é possível obrigar os sem teto a deixarem o espaço.

 

“A prefeitura tem a preocupação da proliferação de algumas doenças e o espaço é de risco propício para o tráfico e o consumo de drogas”, informou.

 

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) foi procurada, mas não encaminhou resposta quanto ao policiamento no local.

 

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Carlos Nunes 28/01/2018

Se fosse só Morro da Luz seria facil de resolver. ..outro dia conversando com um polícial civil aposentado, e ele me dizia que o crime organizado já tomou conta de Cuiabá faz tempo. Por que essa turma circula pela cidade? Por que tem droga fácil na área, pricipalmente o crack e a maconha. Tira a droga da área que eles migram pra outro lugar. Escravos do vício furtam pra comprar a próxima dose da droga. Tudo indica que nesse Centrão de Cuiabá deve ter droga a beça. Alguém deve estar enchendo os bolsos com essa porcaria. TODA DROGA É UMA DROGA. Deve ter muito traficante louco pra adotar o filho de alguém, e vai adotar...a família quando souber vai chorar. Esse fenômeno tá acontecendo aos montes em todo Brasil.

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alberto 28/01/2018

A insegurança no Estado aumentou muito com esse governo incompetente. Bandidos tomam conta das ruas em plena luz do dia. Você não pode parar nas ruas com o carro, que já vem um bandido disfarçado de guardador de carros pedir dinheiro. Se não dá, eles quebram os vidros para roubar. O pior é que a polícia sabe onde ficam esses inúmeros pontos, mas não estão nem ai.

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2 comentários

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