Amigos da jovem Josiane Marcolino da Silva Rosa, grávida de oito meses, que ficou com 60% do corpo queimado depois de salvar dois dos três filhos de um incêndio, lançaram uma campanha nas redes sociais para custear o tratamento da bebê que nascerá com hidrocefalia.
O incêndio aconteceu no dia 28 de junho passado. O fogo atingiu a quitinete onde ela morava com a família no bairro Canjica, em Cuiabá.
Aquivo Pessoal
Desde então, ela enfrenta dificuldades financeiras para cuidar dos três filhos, assim, como para comprar o enxoval da pequena Emanuely Valentina, que está para chegar no dia 12 de dezembro.
Ao HiperNotícias, Josiane contou que o fogo começou de manhã quando ela dormia com os dois filhos. Mas, ao abrir os olhos sentiu fumaça e a casa em chamas. Desesperada, ela correu atrás dos filhos. Pegou a menina de um ano e três meses de idade no colo e garoto de seis anos puxou pelos braços.
“Mas, todos nós já tínhamos inalado muita fumaça. Meu filho teve queimadura na orelha e a menina no braço. Já eu fui salva por um vizinho, mas devido eu ter ficado para proteger os dois me queimei muito. Depois disso, apaguei e fui acordar depois de 24 dias depois. Neste período, em coma. Já minha filha ficou 22 dias internada e o menino uma semana”.
Depois de passar pelo pesadelo dentro da Unidade de Terapia Intensiva Móvel (UTI), Josiane ainda teve que suportar a decisão do ex-companheiro e pai da bebê que está esperando. A menina tem um diagnóstico de hidrocefalia, acúmulo de líquido no crânio.
Por causa das queimaduras, ele decidiu abandoná-la e ela voltou para a casa da mãe com os três filhos. Agora, sem ter como trabalhar novamente como operadora de caixa de um supermercado, ela conta mais do que nunca com a solidariedade das pessoas.
“O que restou foram meus filhos. Muita coisa mudou na minha vida. Antes eu tinha uma visão diferenciada das coisas. Percebo que por mais forte que descobri que sou por ter lutado pela vida por conta dos meus filhos, vejo que o ser humano é tão frágil e precisamos da proteção de Deus todos os segundos”, analisou.
Além das cicatrizes do fogo que vão acompanhar por toda a vida, Josiane ainda perdeu parte da visão e ficou com os dois braços atrofiados. Morena, dona de um sorriso largo e cabelos longos, ela teve que cortar também os fios para não transpirar.
Alan Cosme/HiperNoticias
Durante a conversa, Josiane precisou sair do quarto onde passa a maior parte do tempo deitada em uma cama com o ar condicionado ligado. Por causa do calor, as queimaduras coçam muito e ela passa os dedos levemente para minimizar a agonia.
“O que me restou foram meus filhos. Se eles não saíssem eu não saia também. Eu me transformei fisicamente, mas não me arrependo. Se precisasse faria tudo de novo para salvar eles. É difícil viver nessa condição. Percebo que sou forte, mas também a tragédia acabou me revelando várias coisas e quem eu achava que eram meus amigos. Todos me abandonaram. Porém, apesar disso eu ganhei outros sinceros. E a principal dela é a doutora Liliane Brianeze que me acompanha durante esse período de gestação e me da força”, detalhou.
Além dessas dificuldades e séquelas, Josiane precisa da ajuda da mãe e da irmã para se alimentar e tomar banho.
“O sabonete precisa ser líquido. Não pode esfregar. Só passar a pomada para ir cicatrizando. Mas, mesmo com os medicamentos, não melhoram as queimaduras de terceiro grau”, lamentou.
Apesar de todo o sofrimento, a irmã da vítima, Leiliane observou que Josiane apresenta melhoras.
“Ela não andava. Fez cirurgias, passou por vários psicólogos, pois teve a fase de não querer ver mais ninguém. Pensou em desistir da vida, mas minha mãe o tempo todo colocava ela para cima. No começo pensei que era mentira. Não acredita porque ela ficou irreconhecível. Mas, sempre buscamos o apoio de Deus. Chorávamos, ainda choramos, mas estamos mantendo a fé”, disse Leiliane em prantos de choro.
Mesmo depois de tantos meses, a família contou que ainda não teve intenções de saber o resultado da perícia porque são lembranças que apenas fazem mal.
“O esquisito é que na quitinete nem botijão de gás tinha. Estava na minha casa. Da onde surgiu esse fogo? É inexplicável”, concluiu.
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COMO DOAR
Josiane está precisando de doações de fraldas, leite, alimentos e roupas de bebê para a filha que vai nascer. Quem tiver interesse em doar dinheiro também pode fazer o depósito na Agência do Bradesco: 1966, Conta: 0505343-9 em nome de Josiane Marcolino da Silva Rosa, ou fazer a entrega diretamente na casa da mãe da vítima que fica localizada na Avenida Parecis, número 410, no bairro Planalto, em Cuiabá.
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