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Cidades Segunda-feira, 20 de Março de 2017, 14:04 - A | A

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Segunda-feira, 20 de Março de 2017, 14h:04 - A | A

TERRA PROMETIDA

Gestantes, idosos e deficientes que ocupam área ao lado do Aterro Sanitário são retirados

RAYANE ALVES

Gestantes, idosos e deficientes físicos e mentais estão sendo retirados, por ordem de liminar, de uma área invadida há oito meses na região do bairro Novo Paraíso, em Cuiabá. A reintegração de posse começou às 6h, desta segunda-feira (20), e atende uma ação movida pela Construtora Lumen, proprietária da área invadida pelos moradores. 

 

Alan Cosme/HiperNoticias

terra prometida .

 

A reportagem do HiperNotícias acompanhou a recuperação e não houve tentativa de resistência por parte dos moradores. A Polícia Militar, com ajuda do Corpo de Bombeiros, atuou na retirada dos integrantes da área invadida. 

 

De acordo com o presidente da Associação Terra Prometida, Antônio Lemes, pelo menos 100 famílias moram no local e outras 350 já estão construíndo casas. De uma área de 190 hectares, 40 foram ocupados pelos ‘sem terra’. A grande maioria dos ocupantes vive na região com o que consegue coletar no Aterro Sanitário de Cuiabá. 

 

Este é o caso do catador Elton Adriano, de 27 anos. Ele foi o primeiro morador a ocupar a área. Em prantos, ele contou à reportagem que não tem para onde ir. A preocupação maior não é nem porque não tem onde morar, mas sim pelas duas filhas que tem. Segundo ele, como não tem pra onde ir, provavelmente a moradia da família será embaixo de alguma ponte ou viaduto. 

 

“Chegaram pegando tudo. Queriam levar até meu fio de luz. Mas, não deixei porque não sou ladrão. Este fio paguei com o suor do meu trabalho. Percorro quilômetros todos os dias para sustentar minha família. Com garrafas pet, latinhas e copos consigo sobreviver. Porém, ainda continuo sendo de renda baixa. Aqui todo mundo se ajuda, somos uma família. Ninguém mora aqui para pegar terreno. A situação é simplesmente porque não tem condições. Tudo que tenho foi doado. E, agora com chuva e sol vai estragar. E, simplesmente não tenho oportunidade de comprar móveis novos. Preciso de ajuda. Não sei o que fazer. Minha família está em perigo”, desabafou Elton soluçando em lágrimas.

Alan Cosme/HiperNoticias

Moradores do terra prometida

 

Grávida de cinco meses e com o marido desempregado há seis, Lizete Alves de Almeida, 28, contou que pagou com doações da igreja o valor de R$ 120 para ocupar o espaço.  O valor foi distribuído da seguinte forma: R$ 40 para ajudar a associação abrir rua no local, R$ 50 para medir o terreno e os outros R$ 30 para instalar água e luz clandestinamente.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

Moradores do terra prometida

 

No dia a dia, Lizete explicou que não tem renda fixa porque não pode trabalhar, já que toma medicamento controlado para depressão bipolar e distúrbio na cabeça.

 

“Vivo com R$ 124 do Bolsa Família. O barraco só foi levantado porque recebi doações dos pastores da igreja. Na minha casa que foi levantada só no contrapiso tem apenas um bico de energia e uma tomada. Estou grávida. Era para eu ter ido fazer meu pré-natal hoje, mas precisei levantar meu filho cedo da cama hoje porque a polícia chegou batendo e gritando nas portas”, lamentou a mãe de família.

 

Ao HiperNotícias, Lizete contou que está desesperada com a nova notícia, pois ela já teve experiências morando na rua. Ela relata que já foi usuária de drogas e que foi internada oito vezes enquanto morava nas ruas. 

 

“Eu tomo o remédio justamente para não voltar para a rua e ser usuária de drogas. Fui internada oito vezes no Centro Integrado de Apoio Psicossocial (CIAPS) Adauto Botelho. Minha primeira filha perdi a guarda para meu ex-marido porque vivia nas ruas cheirando e fumando. E, agora que consegui retomar minha rotina o que vou fazer? Estou perdida. A assistente social simplesmente disse que tínhamos uma hora e meia para sair, mas a Prefeitura não tem espaço para despejar nossa mudança”, afirmou.

 

Já a trabalhadora Joana Martins, contou que montou um barracão na área para garantir um terreno para o filho que é deficiente mental e também para outra filha que é mãe solteira de cinco filhos.

 

“Os dois fizeram inscrição do Programa Minha Casa Minha Vida. Mas, nenhum deles conseguiram. Eu também não tenho casa, porém já estou velha e preciso garantir agora o futuro deles. É lamentável pagar aluguel porque você nunca consegue juntar um dinheiro mesmo que tenha esses planos em mente. O salário mínimo é injusto. A gente nunca consegue mudar de vida”, estimou.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

Moradores do terra prometida

 

Área Invadida

Conforme o presidente da associação, a área invadida que foi dividida em 700 lotes, foi reivindicada pela construtora na Justiça em um total de 190 hectares na tentativa de desabrigar as famílias que moram no local há quase nove meses.

 

Segundo Antônio, o documento usado pela empresa na Vara Agrária foi colocado um título cancelado há muito tempo. Mesmo assim, a Lumen usou um dossiê para explorar a área já habitada.

 

“Sabemos que a área é do Estado. Tanto a gente como o Estado pode perder essa área para a empresa que constrói casas em Cuiabá, desde a época em que João Emanuel era secretário de Habitação. A empresa construiu vários imóveis no CPA, Três Barras e Jardim Umuarama. E é claro que ficará mais fácil para eles já que no documento eles afirmaram que vão investir R$ 100 milhões”, disse.

 

Conforme Antônio, o espaço foi abandonado há 30 anos e antigamente os terrenos eram usados para tirar cascalho para garimpo. “Aqui é só mato e buraco por causa disso. Mas, o povo não pode ver ninguém populando um espaço que já começa a confusão. Não vamos desistir. Vamos na Procuradoria Geral e na Defensoria Pública para brigar pela área”, afirmou.

 

Já o advogado dos moradores, Melquisedeque Roldon, disse que irá permanecer no terreno o dia todo para preservar os direitos das pessoas com relação ao cumprimento da Liminar.

 

“Iremos provocar um novo pedido de revogação na Justiça. Agora sabemos que a juíza pode votar tanto a favor como contra. Dependendo do andamento a gente pode entrar com novo recurso. Mas, sobre hoje o que podemos adiantar é que a liminar já teve o efeito suspensivo e não há o que fazer. E, infelizmente essas pessoas não têm pra onde ir. Acredito que o Estado e a Prefeitura deveria se preparar para atender essas pessoas que estão em vulnerabilidade para evitar no aumento de moradores de ruas, usuários de drogas e entre tantos problemas”, concluiu.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

terra prometida .

 

 

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Germano Arruda da Costa 20/03/2017

Essa área é uma APP. Alguns de fato estão desde o começo e necessitam. Outros são meramente testa de ferros de interesses maiores. Tem casa que o dono gastou mais de 150 mil com qual finalidade? se está numa area irregular??? Roubos aumentaram na região, o lixo tbm. só falta a construção dentro da APPD.

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