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Cidades Domingo, 02 de Julho de 2017, 08:52 - A | A

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Domingo, 02 de Julho de 2017, 08h:52 - A | A

REPRESENTANTE DA CULTURA CUIABANA

Flor Ribeirinha conquista estrangeiros, mas sente falta de valorização local

CAMILLA ZENI

“A gente é muito respeitado lá, valorizado. Assim que eu queria que Cuiabá, Mato Grosso, valorizasse a nossa cultura, assim como somos valorizados lá fora”, comentou a presidente fundadora do grupo Flor Ribeirinha, Domingas Leonor, se referindo às apresentações no exterior.

 

Divulgação/Assessoria

Flor Ribeirinha

 

Ao HiperNotícias, a fundadora do Flor Ribeirinha recordou a trajetória do grupo e destacou que, embora sejam, hoje, o maior representante da cultura cuiabana no Brasil e no mundo, a valorização local ainda é pouca. Emocionada, dona Domingas chegou a dizer que teme que, quando morrer, a tradição do siriri e cururu se acabe.

 

Desde a época do início do grupo, Domingas notou que a tradição cuiabana estava desaparecendo. Ela atribui o fenômeno como uma consequência do tempo e seus avanços. Segundo ela, até mesmo na comunidade onde vive, a cultura foi se perdendo. “Morria a nossa identidade, mas ninguém ligava e se interessava. Os mais velhos foram morrendo e os mais novos não se interessavam”, observou.

 

Para ela, no entanto, a falta de interesse da população se relaciona com os poucos incentivos dados pelos governantes. “Garanto para vocês que se não fosse a minha coragem e força de vontade, não existia mais cururu e siriri”, pontuou Domingas. Segundo ela, foi na época em que Roberto França foi prefeito que a cultura local teve seu período de ascensão. Depois, nada mais.

 

A fundadora do grupo tem receio de que, quando morrer, tudo se perca. Mas Domingas não descrê: “Eu só tenho esperança que meus netos continuem, que minha família ainda leve o grupo um punhado de ano”.

 

Hoje, o grupo Flor Ribeirinha é aplaudido em pé por pessoas de todo o mundo. “O público que vai assistir lá fora fica maravilhado, apaixonado pelo Brasil”, disse, lembrando que foram os únicos representantes em competições do exterior. “A gente é muito respeitado lá, valorizado. O público grita durante as apresentações. E Cuiabá também devia, porque Cuiabá que é o siriri”. Não é que falte público cuiabano, pelo contrário, foi na Capital que tudo começou. A valorização que Domingas quer ver, no entanto, é a dos cuiabanos dançando e cantando, vivendo a tradição.

 

“Não foi fácil”, se lembrou. Mas Domingas tem a certeza de que fez tudo o que podia fazer para continuar a tradição cuiabana, e crê que deixou um legado para quem quiser tocar adiante e não deixar a cultura local se apagar. Inclusive, logo após a criação do Flor Ribeirinha, diversos grupos de siriri surgiram por todo Mato Grosso, o que, para Domingas, é sinônimo de alegria.

 

O grupo de siriri voltou, na semana passada, de uma apresentação em Brasília (DF) e já esteve em várias cidades pelo Brasil, além de países da América Latina, Europa e Ásia, se apresentando no Paraguai, na França, Itália e Coréia do Sul, sendo que já possui viagem marcada para a Turquia no final de julho.

 

O grupo

O Flor Ribeirinha existe há 25 anos e a presidente ressaltou que nunca imaginou que o grupo chegasse à dimensão que está nos dias de hoje. Inicialmente, era uma brincadeira de quintal na velha casa ribeirinha de dona Domingas. Ali, em uma noite, ela chamou a criançada para brincar de siriri. Pegou uns velhos instrumentos que tinha em sua casa, e, junto de seu “tio Candir”, tocou e cantou.

 

A criançada pegou gosto, e, a partir daquele dia, começaram a manifestar o desejo de continuar com as tradições. Dali, dona Domingas decidiu, então, levar a sério a brincadeira.

 

“O siriri estava apagando, morrendo. Já não se ouvia mais falar”, lembra Domingas. Segundo ela, depois que começou com o pequeno grupo de crianças, mais e mais pessoas apareciam em seu quintal para aprender e participar.

 

Ao surgir o convite para dançarem em uma festa local, a fundadora pediu às crianças para escolherem um nome para o grupo. Diversas opções surgiram, mas foi Domingas quem descobriu o “Flor Ribeirinha”. Ela se lembra - e disse que nunca irá se esquecer - da manhã em que estava na beira do Rio Coxipó para pegar água. Naquele dia, tinha um pé de Aguapé, com umas flores brancas. Com uma taquara, ela apanhou uma flor e levou para casa. Admirando sua beleza, foi, então, que a ideia lhe veio “Por que não Flor Ribeirinha? As crianças eram pequenas, e nós somos ribeirinhos”. No ensaio da noite, o nome foi sugerido e todo mundo aplaudiu. Nasceu, então, o Flor Ribeirinha.

 

Divulgação/Assessoria

Flor Ribeirinha

 

O grupo cresceu conforme os pais das crianças pediam para participar. Depois, um convite para apresentação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) surgiu, sendo a primeira apresentação do Flor Ribeirinha para um grande público. “Todo mundo começou a chorar, porque ficou lindo de ver”, Domingas se recordou.

 

Desde então, o grupo só cresceu, se apresentando em escolas, feiras, festas juninas, eventos organizados pela administração pública. Quando dona Domingas resolveu criar um festival de cultura do município, já havia quatro grupos de siriri. Conforme o tempo, muitos mais foram surgindo, sendo, alguns, do interior do Estado.

 

Para chegar até o status que carregam nos dias atuais, foi preciso muita luta e coragem de Domingas, com apoio da família. “Graças ao meu bom Deus, minha família sempre me ajudou. Hoje tem muitos deles no grupo, como coreógrafos, percussionistas e coordenadores”, disse. “Eu tenho muito orgulho de ter esse grupo e estar levando nossa cultura para o mundo”, completou.

 

 

Para ver a tradição cuiabana resisitr ao tempo, Domingas criou um novo grupo de siriri com crianças, que ensaia na Comunidade São Gonçalo Beira Rio aos domingos. E aos mais velhos que também se interessarem, a porta do “quintal” está sempre aberta para novos integrantes.

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