Mais de 30 famílias estão abrigadas no Ginásio do Quilombo, em Cuiabá, há um mês e sem perspectivas de deixarem o local. As pessoas foram despejadas de áreas invadidas no Altos do Coxipó e Residencial Sucuri, repentinamente, e se aglomeram em tendas improvisadas na unidade esportiva. A prefeitura de Cuiabá tem oferecido alimentação às famílias e foi realizado o cadastro para que sejam inseridas em programas do Governo Federal. Não há previsão para que elas saiam do ginásio.
Alan Cosme/HiperNoticias
Famílias dividem os espaços com lençóis amarrados em varal
De acordo com Gonçalo José, pedreiro desempregado que agora vive no ginásio, há cerca de um mês as famílias do Residencial Sucuri foram notificadas para saírem do espaço onde moravam há anos. O despejo foi determinado em ação de reintegração de posse movida pela Prefeitura de Cuiabá, que alega que a área é pública e não pode ser usada como moradia.
“São várias famílias que moram lá e estão retirando as pessoas para colocar na rua. Acho que até agora dez famílias foram despejadas”, conta o homem que vive no ginásio com a esposa e três filhos. Um deles tem problemas cardíacos e recebe acompanhamento médico. A criança, de 10 anos, também não pode consumir o alimento fornecido pela prefeitura devido ao problema de saúde.
Conforme o abrigado, a Secretaria de Assistência Social fornece marmitas no almoço e no jantar. Porém em um dia o almoço foi suspenso e restabelecido quando os moradores comunicaram à mídia sobre a situação.
Falta lanche, fraldas e leite para as mais de 20 crianças pequenas que estão no ginásio. Entre as crianças que vivem no ginásio, três têm três meses.
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O gari desempregado, Valter Rodrigues da Silva, veio da invasão no Altos do Coxipó. Lá o despejo também foi repentino e as famílias saíram do local na terça-feira (30). Um caminhão foi disponibilizado pela prefeitura para transportar os pertences das famílias. Porém muitos móveis ficaram para traz.
“Não tinha como trazer porque não havia espaço. Também se tirasse do ligar iria estragar tudo”, relata Silva.
Apesar de estarem, hoje, no ginásio, o local só foi disponibilizado após muita insistência dos moradores que alegaram que não tinham para onde ir e que todos deviam ficar juntos no mesmo local. “Não é justo uns conseguirem abrigo e outros não”, afirma o morador.
Enquanto os moradores lamentam a situação desesperadora pela qual passam, algumas crianças brincam distraidamente na sua inocência infantil, sem saber que não têm onde morar. Elas, que são uma preocupação grande, pois estão longe das escolas em que estudam e não têm como se deslocar sem o acompanhamento do adulto até a sala de aula, que agora está muito longe.
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As pessoas também temem deixar o local para trabalhar e deixar as crianças e os barracos sem um adulto.
“Nunca pensei em passar por uma situação dessas. A gente não tem como pagar o aluguel e queremos só um lugar para morar”, lamenta Valter Silva, emocionado, ao olhar em volta os montes de lençóis emendados para dar um mínimo de privacidade e proteção às famílias.
Apesar da pouca condição financeira e de moradia, os cachorros de estimação também foram levados para o ginásio e se alongam pelos cantos no ginásio em busca de um lugar fresco no espaço quente e abafado.
Sem emprego e com ajuda restrita da prefeitura, os moradores precisam de todo tipo de doação, principalmente leite e fraldas para as crianças menores. Quem puder ajudar, deve levar as doações no Ginásio Quilombo, instalado no bairro de mesmo nome, em Cuiabá.
Por meio de nota, a prefeitura informou que as famílias foram retiradas das áreas de ocupação e encaminhadas para o ginásio onde recebem acompanhamento e alimentação. A falta do almoço em um dia foi um caso pontual e já resolvido. Todas as famílias foram cadastradas em programa do Governo Federal.
Confira nota
Foram abrigadas no Ginásio Quilombo mais 28 famílias, oriundas da reintegração de posse da região do Altos do Coxipó. Do Sucuri, ainda permanecem no local, quatro famílias. Totalizando, 34 famílias. Este número corresponde aproximadamente, 41 adultos e 40 crianças de adolescentes – essas serão encaminhadas para a escola.
Este grupo de pessoas está recebendo regularmente duas refeições por dia (almoço e janta). Além das refeições, a Secretaria de Assistência vem fazendo o acompanhamento destas, incluindo-as no Cadastro Único (CadÚnico) para que sejam inseridas nos programas sociais do governo federal.
Sobre as marmitas do almoço desta terça-feira (6), a Prefeita esclarece que foi um caso pontual, onde o fornecimento não foi feito, pois a empresa que presta o serviço se equivocou com as demandas de fornecimento. Porém, o equívoco já foi solucionado no ato do acontecido, e as refeições estão sendo distribuídas regularmente.
Por ora, são os recursos que o município disponibiliza para auxiliar estas famílias.
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