O Mercado do Porto é um dos locais mais procurados de Cuiabá na época da semana santa. A reportagem do HiperNoticias deslocou-se até esse ponto de encontro da velha e nova cuiabania para apurar sobre as vendas e as expectativas para o feriado da Páscoa.
Logo na chegada o comerciante Julio Rodrigues de Amorim, 86 anos, recebeu a nossa reportagem e comentou sobre como a crise afeta a venda e como o custo com a mercadoria encarece a revenda dos pescados.
“Faz mais de 40 anos que trabalho como vendedor de peixes e nunca vi tanta falta de dinheiro na praça como agora. Se você compra uma mercadoria cara, tem que vender caro e acaba não compensando o lucro. Eu só trabalho com peixe de rio, mas os de tanques acabam saindo mais barato porque é mais fácil conseguir para revender”, disse o comerciante.
O peixeiro comercializa tipos mais baratos como tambacu (5 peças por R$20 reais) e bagre (15 peças por R$20 reais). Declarou que a alternativa de preço mais popular garante mais vendas para os moradores da região e ajuda a barrar a crise.
Em outro estande, o senhor João Santana Correia, 51 anos, que também atua há quase 40 anos como comerciante de peixes no Mercado, nos disse que o peixe mais procurado é o pintado e o cachara, e que a preferência é na maioria dos que foram criados em rios.
“A expectativa é que falte peixe de couro essa semana, nós temos de reserva o tambacu que é mais barato. Por enquanto a venda do pintado inteiro sai a R$ 25 kg e o filé a R$ 30 kg. Temos muita procura”.
Em contrapartida, o comerciante de açougue Leonardo Gaudino, 52 anos, disse que trabalha há mais de 30 anos no Mercado do Porto, desde quando a estrutura ainda era antiga. Ele comentou sobre a queda da venda de carne bovina na Semana Santa e de como a Operação Carne Fraca afetou o abastecimento.
“Na Semana Santa é sempre assim, na verdade é como todo final de mês, existe uma queda, mas também existe a clientela fiel. A Operação afetou bastante, ficamos sem reposição de suínos e alguns tipos de carne, ainda mais eu que trabalho com abastecimento de frigorífico.”
Tradicionalmente a comemoração da Semana Santa tem como ingrediente principal o peixe, que sempre é servido com temperos e acompanhamentos. De uma forma geral, os vendedores de folhas e verduras reclamaram da pouca procura e principalmente do escasso fornecimento dos produtos devido à estação do ano que não é propícia ao cultivo.
É relevante lembrar da famosa iguaria cuiabana, a mojica de pintado, muito preparada nesse período e que tem como ingrediente complementar a mandioca.
Os feirantes lamentaram a queda na venda da mandioca e disseram que além da crise a quantidade da venda da raiz usada na mojica é inferior à usada em um churrasco, por exemplo, e por isso não gera muito lucro.
"Enquanto se consome cerca de 5 quilos de mandioca num churrasco, para o preparo da mojica é preciso de uns 3", disse um comerciante.
Por fim, Humberto da Silva que trabalha há 15 anos na SB Peixaria, localizada no Mercado do Porto, disse mantém uma clientela fiel e enfatizou a grande procura nessa época do ano.
“Os peixe mais procurado é o pintado. Alguns vêm do Pantanal, Manso e tanque, mas aqui vendemos mais o de tanque. É mais barato e mais fácil de abastecer, difícil de ficar sem. Além disso, o rio está muito cheio e atrapalha a pesca. O preço dos peixes de rio variam de R$ 40 a R$ 60, enquanto o de tanque vão de R$ 25 a R$ 30 reais. A expectativa é de vender uns 4 mil quilos. Já atendi gente do Paraná que veio aqui atrás do nosso peixe mato-grossense, há muita procura e nesse período ela tende a dobrar", concluiu. (Colaborou Beatriz Garcia Marques)
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