Centenas de sem-terra bloqueiam a BR 163 desde a manhã desta quinta-feira (16) e não há previsão de encerramento do protesto. Os manifestantes querem agilidade na desocupação de terras e no assentamento das famílias no estado.
Conforme informações, apenas ambulâncias estão passando pelo bloqueio entre as cidades de Nova Santa e Helena e Itaúba. A cada quatro horas o trânsito é liberado por alguns minutos e novamente fechado para os demais veículos.
Os acampados reclamam da demora das ações de desapropriação que tramitam na Justiça Federal e também a lentidão com que o Instituto Mato-Grossense de Terras (Incra) vem tratando as demandas da classe, segundo nota emitida pelo manifestantes.
A interdição do trecho é por tempo indeterminado, como confirmou um dos membros do movimento.
Confira nota
#LutaPelaTerraeDireitos l Na manhã desta quinta-feira, cerca de 200 trabalhadores e trabalhadoras sem terra do norte do estado de Mato Grosso, trancaram a BR 163, entre o trecho dos municípios de Nova Santa Helena e Itaúba a 600 km de Cuiabá.
Esta ação faz parte da jornada de Luta dos Acampamentos União Recanto Cinco Estrelas, Irmã Dorothy, Boa Esperanças e Renascer, os mesmo denunciam a morosidade da Justiça Federal e INCRA, sobre os processos de retomada de áreas públicas e desapropriação de terras improdutivas para fins de reforma agrária.
Tal morosidade implica na situação cotidiana de violência que estas famílias vêm vivenciando. A situação de vulnerabilidade que estão sujeitas de baixo da lona preta, devido à espera de uma resposta dos órgãos competentes, geram conflitos e ameaças diariamente, além da fome, sede e miséria que estas mesmas famílias vem passando a mais de dez anos na luta pela conquista de seus direitos de acesso a terra.
Todos estes impasses, são ignorados pelo juiz Murilo Mendes que a mais de 50 dias, tarda a emissão na posse para assentar 96 famílias em áreas comprovadamente da união, que estão com processo concluso para decisão e com plano de assentamento constituído pelo Incra. Mesmo caso, acontece com o Juiz Federal Marcel Queiroz que até o momento ignora a manifestação do Incra e da AGU comprovando que a área da Gleba Gama é de fato da união, fazendo com que, mais de 100 famílias continue embaixo de lona. As famílias reivindicam agilidade, em relação ao processo de suspeição sobre o Juiz Murilo Mendes, que com isso, deixa mais 100 famílias a espera. Além disso, as famílias também cobram do INCRA a vistoria em áreas para fins de desapropriação, que até o momento não cumpriu nenhum prazo estabelecido.
Essa morosidade e falta de interesse por parte do Estado e do judiciário, intensificam os índices de conflitos e mortes no campo no Brasil, chegando a 63 mortes somente em 2017. As Famílias vêm lutando bravamente pelos seus direitos de acesso a terra, terras estas que estão nas mãos do agronegócio e do latifúndio, e também pelo direito a uma vida digna a todas as trabalhadoras e trabalhadores que ali estão vivendo as margens de rodovias e embaixo de lona."
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