Mesmo com mais de um ano prova marcada, muitos candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) conseguiram se programar e chegaram atrasados no primeiro dia dia prova realizada neste domingo (5). O motivos alegados pelos estudantes são diversos, como: atraso em pegar o ônibus, o trânsito e até a confusão com o fuso horário. No entanto, o que mais chamou atenção foi o grupo de pessoas que foram até os locais para assistirem aos que não puderam entrar. Eles se intitularam “Companhia do atraso”.
Para este domingo, 126.211 pessoas se inscreveram para participarem do certame. O número representa 1,8% do total de 6.731.203 inscritos em todo o Brasil que realizarão na primeira etapa, as provas de redação, linguagens (língua portuguesa e língua estrangeira) e ciências humanas (geografia, história, filosofia, sociologia e conhecimentos gerais). Com isso, a reportagem foi até a Universidade de Cuiabá (Unic) para acompanhar toda a expectativas dos participantes, o choro dos atrasados e de quem foi apenas para assistir a tristeza de quem não pode entrar.
Antes mesmo da abertura dos portões às 11 horas, os inscritos já faziam uma grande movimentação em torno da universidade para não correrem o risco de se atrasarem. O trânsito não era tão intenso e os estudantes não tinha muitas dificuldades para chegarem ao local de prova. Ao passar do tempo, os candidatos se mostravam mais ansiosos para a prova que poderia ser a porta de entrada para a realização de um sonho.
Pouco tempo antes do fechamento dos portões fecharem, curiosos formaram uma espécie de corredor para acompanhar a chegada dos últimos estudantes e dos que se lamentariam não ter conseguido entrar para fazer a prova. Aos gritos de “uh vai fechar, uh vai fechar”, os últimos estudantes chegavam correndo para poderem entrar no local de prova. Enquanto isso, diversos candidatos que já haviam entrado na universidade aproveitaram para fazer imagens dos atrasados.
Antes do meio-dia, um último candidato teve que se agachar para poder entrar. Foi o último estudante a entrar. Quando o portão tocou o chão, ouvia-se os gritos de: "Uh já fechou, uh já fechou", cantados pela Companhia do atraso.
A esrtudante Bruna Santos não conseguiu chegar a tempo para fazer a prova
A estudante Bruna dos Santos, moradora do bairro Morada da Serra, alegou que perdeu o ônibus e não pode chegar a tempo. “Eu me atrasei porque perdi o ônibus. Ainda chamei um Uber para tentar chegar mais rápido, mas infelizmente não deu. É uma pena pois queria muito fazer o Enem. Não foi dessa vez, terá que ficar para o próximo ano”, lamentou.
Já a analista de informática, Ana Cristina da Rosa Oliveira, disse ter se confundido no horário da realização do exame. “Na ficha de inscrição, a abertura dos portões está marcada para as 13 horas. No entanto, esse horário é o de Brasília e eu não sabia disso. Fui informada apenas quando eu cheguei aqui. Fui muito mal explicado essa parte. Me prejudiquei, não acho justo. Eu me prejudiquei por uma informação errada. Isso é lamentável”.
Já o estudante, Rogério de Castro disse que também se confundiu. Mas, o seu problema foi com o local da prova. “O meu local de prova estava para fazer na Unic da Barão de Melgaço e só fui perceber quando cheguei aqui na Unic da Beira Rio. Ai não dava mais tempo. Vou ter que deixar para o ano que vem. Não prestei atenção. É uma pena”, justificou.
Companhia do atraso
Isopor com gelo, trajes mais leves e cerveja. Esse era a forma com que um grupo de universitários foi acompanhar a chegada dos estudantes atrasados. Intitulados de “Companhia do atraso”, os acadêmicos afirmam que muitos dos alunos não têm os estudos como prioridade e que o atraso é injustificável.
“Nós viemos aqui para acompanhar essas pessoas que estão atrasadas. Não existe justificativa para o atraso. São pessoas muitas desinteressadas. Eles poderiam muito bem estar se preparando antes. Eu mesmo sai mais cedo, levei minha irmã para fazer a prova, tive tempo de pegar os meus amigos em casa, comprei cerveja e vim aqui assistir o pessoal atrasado e ainda cheguei antes que de ele”, disse o estudante Rafael Pereira Teixeira.
Já o também estudante Davi, o atraso dos alunos é fruto de uma falta de incentivo a educação. “A educação não Brasil não é muito bem quista. O povo brasileiro não é incentivado a estudar. E, com isso, as pessoas acabam perdendo o foco. Para essas pessoas, o Enem é mais uma prova a ser feita e fazem porque outras pessoas da sala também vão fazer. Eu acredito que o brasileiro é meio relaxado com a educação”.
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