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Cidades Sábado, 21 de Julho de 2018, 14:12 - A | A

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Sábado, 21 de Julho de 2018, 14h:12 - A | A

QUEBRA DE PRECONCEITOS

Apesar das mudanças, ciganos mantêm vivos costumes e tradições

JULIANA ALVES - ESPECIAL PARA O HIPERNOTÍCIAS

"Se tem uma coisa que cigano gosta é de se reunir, muita festa e comida", declara Terezinha Alves, 56 anos, membro de uma família de ciganos, em Cuiabá. Em um encontro especial com o HiperNotícias, eles contaram a história de sua origem, preconceitos por serem quem são e como buscam manter os costumes até hoje.

 

Apesar de não haver um levantamento que confirme o número de ciganos residentes em Mato Grosso, um estudo feito pelo jornalista Aluízio Azevedo, primo de Fernanda Caiado, presidente da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), aponta que pelo menos 200 vivam no estado. Ele relata um pouco das tradições e da vida cigana no documentário Kalon, Olhares Ciganos, disponível no fim da matéria.

 

"Tudo começou a mudar com o vô", conta Fernanda Caiado, neta de Izidorio Pereira. Ele era cigano da etnia Kalon, mas se envolveu com a cunhada e, como castigo, os familiares o obrigaram a viver isolado no interior de Mato Grosso, enquanto eles partiam em viagem como de costume. Exilado, o cigano desenvolveu depressão e estava sempre triste por ter sido separado e deixado para trás. 

Arquivo Pessoal

Família cigana

 Casamento de Izidorio e Severiana Pereira

 

"Foi quando ele conheceu Jesus", disse Abigail, uma de suas filhas. Seu Izidorio se converteu à religião e se tornou evangélico. Na época, conheceu dona Severiana e se casaram, ela era uma moça muito estudada.

 

A família conta que Severiana era muito inteligente e aprendeu todos os costumes ciganos apenas observando e estudando. Por exemplo, o dialeto cigano, denominado 'chibe', não pode ser ensinado para um não cigano e dona Severiana aprendeu sozinha, observando a pronúncia e o que poderia significar, entre outros costumes que passou a praticar. "Ela sabia mais do que todo mundo", contou um dos integrantes da família. 

 

"A minha mãe acabou pegando muito do cigano para ela e acabou ficando mais cigana do que os outros", relatou Abigail.

 

De Guiratinga (distante 331 km de Cuiabá) eles se mudaram para a Capital mato-grossense, ele faleceu em 1989 e ela em 2016. 

 

Para a entrevista estavam reunidos, em casa, as irmãs Abigail, Terezinha e Aparecida, filhas do casal Izidorio e Severiana. Também estava Fernanda, filha de Terezinha, e seu marido Lucas, que é o seu primo, além de José Roberto Martins, marido de Abigail, e o seu filho José Roberto Martins Junior. 

 

Eles relatam que são uma família muito unida. " Está todo mundo sempre junto, é uma ligação que não tem explicação", conta Fernanda. E eles sempre se reúnem todo terceiro domingo de cada mês na casa de um familiar diferente.

 

"Isso é bem forte! Geralmente as pessoas falam família e é pai, mãe, irmão e, para a gente, não. Quando se fala em família, a minha tia lá em Rondonópolis é família", disse José Roberto Junior.

 

Eles gostam de tomar muito chá e a mesa das refeições está sempre cheia, geralmente o prato principal envolve carne de porco e os ciganos não costumam comer sobremesa. Devido ao boicote sofrido por Izidoro, hoje todos são evangélicos, alguns da Assembleia de Deus e outros frequentadores da igreja Batista, fazem suas orações antes do almoço e quando o convidado sai de sua casa.

Alan Cosme/HiperNoticias

familia cigana

 

 

Apesar de grande parte da tradição cigana ter se perdido no tempo, cada integrante tem a sua história e carrega traços da cultura dos antepassados. Terezinha, por exemplo, tem no sangue a sede por viagens. Os ciganos são conhecidos por serem nômades, estarem sempre se movendo pelas cidades, e ela não consegue ficar em casa.

 

Contam que na cultura cigana os homens são extremamente machistas e que antigamente havia o costume de se casar com parentes, como primos. Mas ao contarem isso começam a rir, já que Fernanda é casada com o seu primo Lucas. 

 

Abigail não usa roupas tradicionais do povo cigano, mas adora saias, de preferência rodadas e muito coloridas. Ela relembra a fama que as ciganas têm de lerem as mãos, mas já alerta que não faz isso. Ele revela a farsa por traz do costume: é tudo um truque, pois são mulheres muito espertas que conseguem as respostas dos clientes, sem que eles percebam.

 

Em uma coisa toda a família concorda: "ciganos são naturalmente comerciantes". A maioria deles vendem produtos e adoram negociar, está no sangue, não negam.

 

Preconceito

 

Muitas vezes quando se fala nos ciganos o preconceito aparece e muita gente os encara com olhares desconfiados. No senso comum, há  a imagem de que são ladrões, que roubam crianças e charlatões sempre tantando enganar as pessoas.

 

O preconceito faz com que membros da comuniade cigana reneguem suas raízes e se escondam. A família conta que muitos ciganos não se assumem ciganos por preconceito das pessoas e medo. Esse é um problema até mesmo no ambiente de trabalho, eles têm receio de serem demitidos, pois existem patrões que também acreditam que vão ser roubados. “É muito estereótipo", desabafa Terezinha. 

 

A família cigana conta que seu povo sempre sofreu e foi marginalizado por uma ideia das pessoas que não condiz com a realidade. Afirmam que gostariam que isso mudasse, que as pessoas entendessem que eles não são assim e parassem de julgar todo um povo por serem desconhecidos.

 

A associação

Fernanda é presidente da Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT) e conta que seu povo circula entre os estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso.

 

Apesar de afirmar que o estado que mais tem ciganos é Goiás, ela diz que não dá para saber quantos são. O censo demográfico não consegue ter uma estimativa, já que muitos ciganos vivem viajando, não têm documentos, não sabem ler e não sabem os seus direitos básicos. Para ter um número aproximado é preciso frequentar os acampamentos ciganos. O que não é feito.

 

De acordo com Fernanda, a ideia de criar a AEEC partiu de um dos seus primos, pois ele estudou e fez o o doutorado sobre a saúde dos ciganos. Para os estudos, ele conversou muito com ciganos residentes em Mato Grosso e outros estados. Aluízio de Azevedo produziu um documentário sobre os ciganos Kalon, no estado, e estima que pelo menos 200 ciganos vivam em Mato Grosso.

 

"Vimos a necessidade de criarmos a associação, para conseguirmos pelo menos o básico de assistência aos ciganos", explicou.

 

Ela aponta que a associação busca oferecer amparo para que o povo seja tratado com dignidade. Os ciganos que vivem no nomadismo não têm informações, não sabem os seus direitos básicos e eles querem que o governo reconheça esse grupo de pessoas.

 

"A forma que eles vivem ainda está à mercê da sociedade. Eles não estudam, não sabem escrever...", conta Fernanda.  

 

Na família, Terezinha é assistente social e Abigail contadora. Fernanda conta que a sua mãe é a primeira cigana a se formar em uma universidade em Mato Grosso (ela frequentou a Universidade Federal de Mato Grosso) e o seu primo, Aluízio de Azevedo Júnior, foi o primeiro do Brasil a fazer doutorado.

 

Veja documentário É Kalon Olhares Ciganos

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Álbum de fotos

Alan Cosme/HiperNoticias

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Arquivo Pessoal

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