“A pressa é inimiga de uma boa investigação”. A declaração é do secretário de Segurança Pública, Gustavo Garcia, e se refere aos casos em que supostos membros da facção criminosa Comando Vermelho (CVMT) teriam torturado e até decapitado indivíduos e rivais de outras organizações criminosas. Garcia afirmou à reportagem que todos os vídeos que circularam pelas redes sociais nas últimas semanas estão sendo investigados e que todos os culpados serão devidamente punidos.
Alan Cosme/HiperNoticias
“Todas as nossas ações são feitas com planejamento. Por isso, elas são silenciosas, são firmes e eficientes. Eu sei que muitas vezes a sociedade anseia por respostas rápidas. Mas, o nosso compromisso é com a verdade real dos fatos. Nós trabalhamos com fatos e não contra pessoas. Por isso nós temos o nosso tempo. A pressa é inimiga de uma boa investigação”, disse o secretário aos jornalistas.
A declaração de Garcia foi feita após serem compartilhados diversos vídeos nas redes sociais nos quais criminosos aparecem espancando e até mesmo matando pessoas decapitadas que cometeram algum tipo de crime. A sessão de violência é chamada pelos bandidos de “Salve” e segundo os criminosos, serve para quem comete algum crime contra pessoas inocentes ou que pertence a uma organização criminosa rival. Especialistas em segurança dizem que a medida serve para que a população comece a acreditar mais na “Justiça” dos membros de facções do que no trabalho de investigação policial.
O fato foi prontamente rebatido por Garcia, que afirmou que os agentes da Segurança Pública são os responsáveis pela segurança em todo o Estado.
“O compromisso da Segurança Pública é garantir a segurança de todos. Nossos servidores são extremamente capacitados e motivados, são os verdadeiros responsáveis por garantir a segurança da população de Mato Grosso. Eles sim são os responsáveis. Nós temos esse compromisso. Seja através do trabalho da Polícia Militar ou seja pela Polícia Civil”.
Recentemente, um vídeo que circulou nas redes sociais mostra um duplo homicídio, que teria sido motivado por uma vingança pela morte da grávida de sete meses, Viviane Silva, 18 anos, que foi encontrada morta na Ponte de Ferro, em Cuiabá, no dia 18 de fevereiro. Nas imagens, que foram compartilhadas em diversas redes sociais, dois homens têm suas cabeças arrancadas. Um rapaz de camisa azul amarrada na cabeça, identificado na filmagem como João, usa um facão para cortar e decapitar as vítimas, que estão de joelhos e com os braços amarrados. As vítimas estariam envolvidas na morte da grávida.
O secretário afirmou que todos os casos que envolvem os criminosos estão sendo analisados e as medidas tomadas serão “firmes e eficientes” contra as organizações criminosas.
“Todos os vídeos que chegaram até a gente são inicialmente tratados pelas nossas agências de inteligência que verificam a autenticidade, a veracidade, e daí são realizadas as respostas necessárias. Sempre pautadas nas atividades de inteligência, na repressão qualificada e na investigação. Nós privilegiamos a investigação e a inteligência policial. As medidas que serão tomadas serão firmes, silenciosas e precisas. A população pode confiar no trabalho das polícias Militar e Civil”, concluiu o secretário.
10º Mandamento
Na quarta-feira (14), a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) deflagrou a operação 10º Mandamento na qual 38 pessoas que atuam em facções criminosas foram presas. Dentre os detidos está Wanderson Pinheiro de Souza, conhecido como “Caju”. Ele era uma das peças importantes da célula criminosa pertencente à facção Comando Vermelho (CVMT) em Mato Grosso. O bandido, que é monitorado por tornozeleira eletrônica, era o responsável pelo cadastramento de novos membros da organização criminosa.
Ao todo, foram cumpridas 51 ordens judiciais (38 de mandados de prisão e 13 buscas), expedidas pela Vara do Crime Organizado de Cuiabá (7ª Vara). A ação, que ocorreu em três estados (Mato Grosso, Goiás e Paraná), teve como objetivo reprimir os grupos criminosos que atuam nesta unidade da federação.
Em Mato Grosso, os mandados de prisão foram cumpridos em Barra do Garças (contra 11 pessoas que já estavam presas e 9 soltas), Rondonópolis (1 reeducando), Água Boa (7 reeducandos e 3 soltos) e Cuiabá (8 lideranças- sete detentos e um solto), por policiais das regionais instaladas nessas cidades. O trabalho do GCCO foi em conjunto com o Sistema Penitenciário, ligado a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).
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