O que era para ser uma ação solidária se tornou uma dor de cabeça para a engenheira florestal Joice Belle Mendes, de 34 anos. A mulher resolveu criar uma “vaquinha online” para arrecadar recursos à família do policial civil baleado durante uma operação de resgate, e, no entanto, a situação se tornou contra ela.
arrecadação
Campanha havia sido criada pela população
Acostumada a promover ações sociais, Joice foi uma entre os milhares de cuiabanos que se sensibilizaram com a situação do investigador da Polícia Civil Sidney Ribeiro dos Santos. Na madrugada do último sábado, ele foi atingido por um tiro no rosto enquanto participava de uma ação policial para prender os envolvidos no sequestro da empresária Milene Falcão Eubank, na noite de sexta-feira (17).
“Foi um caso de alívio para uma família e desespero para a outra”, comentou a engenheira. Administradora de dois grandes grupos de Whatsapp, com pouco mais de 200 pessoas cada, ela e os membros tiveram a ideia de promover alguma ação com a finalidade de ajudar a família do policial. Foi, então, que surgiu a ideia da vaquinha online, ainda no sábado da fatalidade.
Ao HiperNotícias, Joice explicou que apenas criou a arrecadação por estar menos atarefada no momento da ideia. Se prontificando, ela utilizou seu perfil de uma rede social e criou um rápido cadastro no site de arrecadação Vakinha Online. Naquela mesma manhã, foi até o Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSM) para conversar com a esposa do policial e informar sobre a campanha.
De acordo com a engenheira, a vaquinha em prol do policial foi criada no intuito de ser uma “ação entre amigos”. “Era uma coisa pequena, mas os sites já estavam noticiando. Tomou outras proporções”, comentou. Assustada com a repercussão, Joice decidiu encerrá-la. Então, ainda em contato com a família, comunicou a decisão e informou que faria a transferência do valor arrecadado.
No meio tempo, na mídia, circulou a informação de campanhas falsas de arrecadação, que estariam sendo montadas por estelionatários. A informação chegou a ser veiculada no site da Polícia Judiciária Civil. Quase imediatamente, Joice sentiu o impacto. Diversos comentários maldosos em relação à sua campanha surgiram e muitos duvidaram de sua integridade. “Me arrependi”, comentou. “Não me arrependi de ajudar, mas de toda a exposição desnecessária”.
Entre idas e vindas no hospital, a engenheira conta que teve contato com vários membros da família do investigados, a fim de garantir que a campanha era honesta, criada unicamente com o intuito de ajudar. Em contato com os criadores do site Vakinha Online, ela explicou a situação e solicitou a troca de titularidade da campanha. Com isso, todas as doações realizadas passariam a ser organizadas pela família do investigador.
Organizada, Joice apresentou à reportagem toda a documentação que comprova a movimentação. A campanha foi encerrada ainda no final de semana, com o total de R$8.831,14. “Alguns sites noticiaram que tinha R$11 mil. Se tinha, as pessoas pegaram a doação de volta, o que é possível fazer. E é compreensível. Imagina você, você doa e depois sai uma notícia de que era estelionato. Você não pega de volta?”, desabafou.
Conforme regras do próprio site, o dinheiro é liberado para o criador da campanha apenas duas semanas após seu encerramento. Todo o montante arrecadado será entregue diretamente à esposa do investigador, Elaine Santos.
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