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Cidades Quinta-feira, 21 de Setembro de 2017, 14:15 - A | A

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Quinta-feira, 21 de Setembro de 2017, 14h:15 - A | A

"DECISÃO É RETROCESSO"

“A gente não quer ibope, a gente só quer viver”, afirma trans sobre “cura gay”

CAMILLA ZENI

A decisão de um juiz federal de Brasília que permitiu, em caráter liminar, que a terapia de reversão sexual, conhecida como “cura gay”, fosse aplicada por psicólogos causou polêmica entre os simpatizantes e a população LGBT do país. Para a transexual cuiabana Penéllope Fier, o despacho simboliza a hipocrisia da sociedade atual.

 

Arquivo Pessoal

penellope fier

Penéllope se assumiu homossexual aos 12 anos

“Não é uma questão de escolha, nós nascemos assim. Não é uma doença. Diferente de muito ser humano que estupra crianças, faz todas essas maldades que vemos. É pai estuprando filha, matando crianças, maltratando animais. E isso é tratado como normal, e a gente é uma aberração? Por que? Sendo que a bicha tem o coração puro”, desabafou.

 

“A gente não é perfeita. A gente não quer ibope. A gente só quer viver normal como você, como todo mundo quer. Nós somos seres humanos”, manifestou Penéllope, observando que a vida da população LGBT não é fácil. A transexual, hoje com 26 anos, se assumiu gay aos 12 e, mesmo pré-adolescente, foi expulso de casa pela família. “A vida que eu levo eu não desejaria para ninguém”.

 

Penéllope, que foi o primeiro filho homem da família, foi submetida a acompanhamento psicológico e comentou que o profissional não adotava postura contrária nem favorável a ela. “Ele tentava igualar entre ambas as partes, mãe e filha. Já era acostumado com essa questão”, pontuou. À época, ela e a mãe não se entendiam e as discussões em casa desgastavam a relação. “Eu não entendia a minha mãe. Eu falava: ‘poxa, eu não mato, não roubo, não uso droga. Por que minha mãe não me aceita? Por que minha mãe não me ama?’”. Hoje, a relação de ambas é totalmente diferente. “Quem vê minha mãe hoje não imagina que é a mesma pessoa. Mas é, assim, a história que eu passei. Não é fácil nossa vida”.

 

Retrocesso

A mudança de postura da mãe de Penéllope também aconteceu com a sociedade, que, ao longo desses 14 anos, garantiu avanços para a comunidade LGBT. A decisão sobre a cura gay, em 2017, é, portanto, vista como retrocesso pela população, conforme pontuou o diretor de comunicação da ONG Livre-Mente, Alexsanders Virgulino. “Como, em 2017, um juiz dá aval que induz psicólogos a trabalharem a reversão da sexualidade, sendo que é algo que já foi superado por psicólogos e pelo Ministério da Saúde?”, questionou.

 

Para Alex, é necessário levar a discussão mais adiante do que encarar a decisão como “uma simples sentença”. “Vemos como retrocesso em razão da violência que isso vai causar”, observou. “Quem mais vai sofrer com isso serão as travestis, que já são as que mais são vistas como imorais, perversas e por aí vai. Por isso temos hoje, nesse primeiro semestre, 11 casos de assassinatos de LGBT e todos sem solução”.

 

“Se deixarmos passar que um juiz venha com uma sentença dizendo que a cura pode ser feita, que existe tratamento para a questão da homossexualidade, e o Estado não entrar com políticas pública voltadas para ajudar essa população, nós estamos sentenciando um público”, destacou Alex sobre a falta de apoio do Estado.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

parada gay 2016

15ª Parada traz discussão sobre estado laico e políticas públicas

“De dois, três anos para cá começou-se a ter regresso das conquistas que tivemos. E são questões movidas pelas bancadas no Estado, que incentivam uma caça às bruxas. Eles levam essa mensagem e fazem com que outras pessoas interiorizem”, comentou destacando a preocupação com o rumo que esse posicionamento pode tomar, caso não haja intervenção.

 

A discussão sobre o posicionamento do Estado e políticas públicas que deveriam ser implantadas é tema de palestra que compõem a programação da 15ª Parada da Diversidade, que começa nesta quinta-feira (21), em Cuiabá. Comandada por doutores sobre sexualidade e José Felipe dos Santos, do Conselho Nacional de Saúde, o debate pretende levantar os questionamentos sobre laicidade do Poder Público, ao passo que reivindica ações efetivas dos governantes.

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