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Brasil Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2017, 08:21 - A | A

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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2017, 08h:21 - A | A

"Só sai se suar demais", garante artista sobre tinta em corpos nus no carnaval

G1

Há pelo menos 20 anos, o artista plástico W. Veríssimo se dedica a figurinos carnavalescos cheios de cores e brilho, mas, ao invés de tecidos, plumas e linhas, usa tintas e pincéis para vestir famosas e anônimas. Entre uma pincelada e outra, Veríssimo dá forma à fantasia desenhada ali mesmo, no próprio corpo da foliã, e garante: ninguém corre o risco de ficar nu em plena avenida. “Já aconteceu de chover durante o desfile, mas a pintura só sai com atrito ou se a pessoa suar demais”, diz.

 

Gabriela Castilho/G1

Dancarina

 

Ele chega a faturar até R$ 2,5 mil por pintura, mas afirma que o valor pode ser mais alto, dependendo dos materiais utilizados, como pedras e cristais.

 

A pedido do G1, o artista escolheu a dançarina Ana Carolina Santos, de 28 anos, eleita princesa do carnaval de Franca (SP), para produzir sua arte.

 

O trabalho de Veríssimo começa com a colocação de um tapa-sexo e com a cobertura dos seios da modelo. O adesivo para cobrir a parte íntima do corpo foi desenvolvido por ele mesmo em parceria com dermatologistas para evitar alergias. A fixação é segredo.

 

Antes de pintar, o artista produz vários croquis para estudar o desenho, mas revela que a inspiração fala mais alto no momento em que realmente começa a fazer os traços. “O resultado sempre acaba completamente diferente. Cada corpo pede uma pintura.”

 

Para produzir Ana Carolina, Veríssimo buscou o fogo. As pinceladas e as generosas porções de glitter formaram chamas numa combinação de vermelho e amarelo, que a cobriram dos pés ao busto.

 

A tinta especial e o estudo dos movimentos da pessoa garantem a durabilidade da fantasia. “Quando é carnaval, eu faço o pigmento mais concentrado para segurar mais tempo a tinta no corpo. Quando a pessoa vai sambar muito, eu tento não usar tinta entre as coxas, porque o atrito tira a tinta”, explica. 

 

Após 3 horas de concentração, aplicação de técnicas e poses, Ana Carolina está pronta para brilhar. Para completar o figurino ela recebe um adereço de cabeça e revela ter ficado ansiosa com a ideia de ficar nua, mas que se deixou levar pelo clima do trabalho e pela confiança passada pelo artista.

 

“Na hora que o Veríssimo me chamou eu pensei: ‘meu Deus’. Eu achei que fosse ficar mais nervosa porque eu não tinha noção de como é feito esse trabalho. Eu acho lindo ver os corpos pintados. Eu amei o resultado e não quero nem tomar banho para não sair”, diz.

 

Arte e valorização do corpo

O artista plástico começou a fazer os trabalhos corporais em 1994, quando foi convidado por uma amiga para criar o figurino de uma dança grega. Com a ideia de pintar os dançarinos como se fossem esculturas de mármore, Veríssimo usou pasta d'água nos corpos dos três rapazes.

 

"O pessoal que assistiu ficou alucinado. Todos acreditaram que eram esculturas de verdade. Foi quando eu resolvi continuar e nunca mais parei", diz. Desde então, estima ter pintado 4 mil pessoas.

 

Para ele, a pintura corporal é uma arte que busca valorizar as formas do corpo humano. Porém, diferentemente da tela reta e estática, o corpo tem curvas e se move, o que requer técnicas profissionais de desenho e noção de proporção para alcançar o efeito realista.

 

Com sua técnica, Veríssimo é capaz de aperfeiçoar os traços de uma mulher ou de um homem, seja aumentando o volume dos seios ou até mesmo diminuindo a barriguinha. No entanto, diz que o desafio está em criar uma pintura que não seja agressiva ou vulgar.

 

"Já fiz uma feira em que o rapaz se aproximou de mim e disse que não conseguia ver a modelo nua. Eu tinha desenhado um short jeans nela, com as linhas saindo da barra. É essa a minha intenção: fazer o trabalho tão bem feito, que a pessoa verá a arte, não o nu", afirma.

 

Segundo Veríssimo, a cada ano, mais homens têm procurando seu trabalho. “Eles vão à academia e querem mostrar o corpo. O homem está mais vaidoso”, afirma.

 

Grupo especial do Rio de Janeiro

Neste ano, Veríssimo foi convidado para produzir os integrantes da comissão de frente de duas escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro (RJ) e estima que precisará de 12 horas, ao menos, para produzir cada grupo de 15 bailarinos. Em seu auxílio estará uma única assistente. Detalhes sobre os trabalhos ele não revela, já que a fantasia da ala é guardada a sete chaves pelas escolas.

 

A Império Serrano levará para a Sapucaí o enredo "Meu quintal é maior do que o mundo", em homenagem ao centenário e à obra de Manoel de Barros, e as fantasias serão inspiradas nos animais encontrados no Brasil.

 

Já a Vila Isabel trará o enredo "O som da cor", sobre a saga dos escravos africanos que vieram para as Américas, onde seus descendentes colheram os frutos da musicalidade dos ancestrais.

 

Dicas para os foliões

Para os foliões que não têm Veríssimo ao lado, ele sugere uma pintura facial delicada que não preencha todo o rosto, usando cores que harmonizem com as da fantasia. É preciso estar atento ao tipo de material utilizado e evitar tinta guache ou acrílica por causa de reações alérgicas. No mercado existem produtos específicos para serem aplicados na pele.

 

O ideal é usar pincel macio como os de maquiagem. Veríssimo indica o uso do delineador para os traços finos e um pincel achatado para preencher com as cores. Além disso, o glitter pode ser aplicado sobre a tinta úmida, substituindo a cola. É bom evitar a região acima dos olhos porque o suor pode fazer o material escorrer pelos olhos.

 

"Mulheres e meninas podem apostar em um desenho de flores ou borboletas, até mesmo uma linha mais abstrata. O ideal é que faça a maquiagem normalmente e, depois, crie o desenho sobre ela. É importante também não misturar demais as cores para não dar um efeito pesado", ensina.

 

Entre as possíveis combinações, ele indica o mix de azul, verde e branco, ou vermelho, laranja e amarelo - sempre usando o preto para fazer o acabamento.

 

Já os meninos podem apostar em detalhes que simbolizem super-heróis, como a teia do Homem Aranha ou o escudo do Capitão América. Os mais velhos podem desenhar uma tribal ou brincar com traços de dragões.

 

"Qualquer que seja o desenho, precisa ser delicado para não tirar a identificação do folião. Faça a pintura delicada e extravase na fantasia", aconselha.

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