Usar um escorrega para mudar de andar, patinete para transitar pelos ambientes e, se o estresse persiste, por que não passar um tempo na academia e em salas de descanso? Serviços de manicure e massagista são opções e, claro, tudo durante o expediente. Em Campinas (SP) uma empresa de tecnologia tem aumentado a produtividade assim, investindo em qualidade de vida no trabalho.
Arlete Moraes
Para a analista de administração da CI&T - empresa de tecnologia e softwares - Sarah Cortez Hein, de 24 anos, o ambiente descontraído que a empresa oferece faz diferença no cotidiano, principalmente em momentos de estresse.
“Quando eu entrei achei muito diferente. Eu posso isso? Posso aquilo? Posso sair pra almoçar o horário que eu quiser? Pra mim foi um baque, só que para melhor”, conta ela sobre o primeiro contato.
O investimento em espaços diferenciados e que estimulem a criatividade é uma tendência mundial entre as empresas de tecnologia, dizem especialistas. Mas, para funcionar, é preciso mais que ajustes estruturais na companhia.
Para a especialista em recursos humanos e consultora de vendas e marketing da consultoria Page Personnel, Daniela Toledo, isso está ligado a uma mudança cultural.
“Um ambiente de trabalho descontraído tem o objetivo de contribuir para melhorar a qualidade de vida do colaborador. Trabalhador motivado é trabalhador produtivol", explica.
Veja mais detalhes do interior da empresa, que está com vagas abertas, no vídeo abaixo.
Investimento e dedicação
A mudança na cultura da empresa é fundamental para que toda essa estrutura funcione. Segundo Daniela, além dos espaços de lazer, o colaborador precisa ter liberdade para utilizá-los e os líderes devem acreditar na efetividade desse processo.
Não adianta ter uma sala pra descanso e não dar liberdade do colaborador utilizar dentro do horário de trabalho".
Arlete Moraes
"Não adianta ter uma sala pra descanso e não dar liberdade do colaborador utilizar dentro do horário de trabalho”.
Além disso, é necessário que o ambiente estimule os funcionários a terem esses momentos de descontração, com confiança no retorno que essas medidas podem oferecer.
“Se a companhia tiver um lanche às 17h da tarde na copa, estimula que a pessoa levante, saia. Volta na questão cultural. Para um ambiente mais leve é preciso investimento e dedicação”, alerta Daniela.
Por outro lado, a especialista ressalta, que é preciso haver uma mudança de postura também por parte dos funcionários, que devem compreender que o espaço é um incentivo à criação, ao trabalho produtivo e é preciso cumprir os prazos estabelecidos.
“Um ambiente não se constrói só com descontração. Cada membro deve confiar no outro. Ter bom senso. Saber que, quando voltar, precisa entregar o resultado. Não é só a descontração. O excesso de trabalho também prejudica. Ter uma vida saudável fora também é importante“, afirma.
A coordenadora de RH da CI&T, Patrícia Delsoto Reed, concorda que é preciso dar autonomia aos funcionários e reforçar a confiança nos colaboradores.
“Então, a pessoa pode ir para a parede de escalada, jogar um pebolim, jogar um vídeogame ou fazer academia no horário de trabalho, ou fora do horário, como ela achar melhor. Existe uma confiança muito grande em relação a aquilo que vai ser entregue", comenta.
Reter talentos
Um clima desagradável no ambiente de trabalho pode comprometer o rendimento do funcionário e a própria atividade da empresa.
Por isso, é cada vez mais necessário que os recrutadores e líderes pensem em ambientes mais descontraídos, confortáveis, que estimulem o colaborador a frequentar o local todos os dias e a atingir as metas. Dessa forma, a empresa consegue reter talentos.
“Quando você está num momento de muita pressão, muita sobrecarga, conseguir parar, espairecer, refletir, conseguir pensar em outras alternativas, pode fazer com que a pessoa consiga tomar uma atitude com um pouco mais de calma para chegar no melhor resultado," comenta Daniela Toledo.
Além disso, a falta de flexibilidade de horário, de não dar liberdade para colaborador poder levantar para resolver um problema também pode desmotivar o trabalhador.
“A questão é aliviar o peso de ter que garantir os melhores resultados”.
Por meio de pesquisas com os colaboradores, a CI&T implantou estratégias para tornar o ambiente mais confortável e descontraído.
Além de escorrega e serviços, a empresa ainda oferece espaços para jogar vídeogame, sinuca com os colegas de trabalho ou fazer um lanche na cantina, disponível a qualquer hora do dia. Figuras de açãoexpostas e almofadas coloridas, também fazem parte da estrutura.
O bom colaborador não é aquele que trabalha mais, mas aquele que consegue ser mais efetivo dentro daquele espaço de tempo".
“O bom colaborador não é aquele que trabalha mais, mas aquele que consegue ser mais efetivo dentro daquele espaço de tempo,” conta a especialista em RH e consultora Daniela Toledo.
Qualquer empresa pode fazer
Apesar de ser mais comum nas empresas de tecnologia, companhias de qualquer setor podem implantar em seu ambiente de trabalho mudanças que permitam tornar o ambiente mais atrativo e agradável. Em estruturas menores, até mesmo mudanças de comportamento podem ajudar.
“Já vi casos de empresas que aboliram o lugar fixo do colaborador, fazendo com que ele se integre no espaço de trabalho. Abolir a vestimenta formal, dar a oportunidade do colaborador fazer home office, oferecer cursos de especialização. Investir em cadeiras confortáveis, ambientes leves, coloridos. Tirar a seriedade do computador. É importante que seja uma empresa que estimule a participação do colaborador, ouvir a proposta que ele tem".
Além disso, quando o funcionário não está satisfeito, geralmente ele compartilha com os colegas do ambiente de trabalho. Se a empresa tem uma postura mais aberta e mostra interesse em ouvir o que o colaborador tem a dizer, pode ajudar na melhora do ambiente.
**Sob supervisão de Patrícia Teixeira.
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