No quarto andar do Planalto, Marun carrega diariamente um calhamaço de quase duas mil páginas, chamado por ele de "bíblia política", sob o título "Ações já executadas e as que serão executadas até o final de 2018".
O documento está à espera da equipe de transição do presidente eleito, seja ele Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT)."Tenho certeza de que o Brasil vai ter saudade do governo Temer", afirma Marun, que classifica o indiciamento do presidente pela Polícia Federal, no inquérito dos Portos, como "festival de ilações". Na avaliação do ministro, ao entrar para a segunda divisão, o MDB não será mais protagonista da cena política e, em 2019, ficará ao lado dos "balzaquianos", partidos que têm cerca de 30 parlamentares, "uns mais, outros menos".
Há quatro anos, o MDB elegeu 65 deputados federais. Agora, porém, a bancada caiu quase pela metade e, no rastro da alta impopularidade de Temer, ficou com 34. No Senado, o presidente do MDB e líder do governo, Romero Jucá (RR), não conseguiu nem mesmo renovar o mandato.
"Houve uma destruição da política. Quem sobreviveu? Quem tinha radicais ao seu lado, Lula e Bolsonaro. Quem não tinha foi levado pelo tsunami", argumentou Marun, citando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso pela Lava Jato, e o candidato do PSL. O mapa das urnas indica que as maiores bancadas da Câmara serão as do PT e do PSL, mas grandes partidos ainda tentam atrair "nanicos" para ampliar suas fileiras.
Defensiva
Temer ficou contrariado com o candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, que, no seu diagnóstico, não defendeu o governo. "Nem Meirelles teve essa coragem", admitiu Marun. "Ele ficou jogando na defensiva, perdeu e acabamos todos perdendo de goleada. Se não tivesse ficado na retranca, poderia ter ultrapassado (Geraldo) Alckmin, do PSDB, e mudado essa eleição."
Ex-ministro da Fazenda, Meirelles disse ao jornal O Estado de São Paulo que o seu papel na campanha não era o de ser para-raio do Planalto, mas, sim, de mostrar a sua história e divulgar propostas para o País. "Sempre falei com clareza: Posso perder o seu voto, mas espero ganhar o seu respeito", insistiu o candidato derrotado.
Conhecido como pit bull de Temer e atuando como uma espécie de "bombeiro" na fervura política, Marun já declarou apoio a Bolsonaro, mas ressalvou que o MDB não deve participar de um eventual governo do capitão reformado do Exército. "Acredito que o momento é de observação", definiu ele. "Precisamos avaliar a forma de atuação daquele que vier a ser eleito e esperamos que algumas das nossas ideias sejam aproveitadas."
No diagnóstico do articulador político do Planalto, o principal desafio de quem ganhar a eleição será pacificar o País e fazer a reforma da Previdência. No último dia 16, Temer chegou a dizer que, se o presidente eleito quiser, ajudará a encaminhar a votação da proposta no Congresso. Marun, porém, não escondeu o ceticismo em relação a essa ideia. "Estamos abertos, mas, se não existe nem mesmo unidade na equipe de nenhum dos dois candidatos sobre o assunto, dificilmente teremos condições de avançar até dezembro", concluiu o ministro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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