O quadro clínico do delegado ainda era considerado grave, na manhã desta quarta, embora tivesse apresentado melhora durante a noite. Conforme a equipe médica que atende o paciente, ele teve perda "mínima" de massa encefálica. O projétil causou também uma fratura acima do globo ocular. O paciente passou por cirurgia para limpeza da área e descompressão do cérebro.
Cunha participava da Operação Caetés, desencadeada pela PF com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
A Caetés tinha como foco o tráfico de armas e não tem relação com a Operação Escudo, da Polícia Militar, desencadeada após a morte de um policial da Rota e que já soma 18 mortes na Baixada Santista. A equipe de Selling cumpria mandados de busca e apreensão em uma comunidade, no bairro Cachoeira, quando foi atacada.
O delegado foi atingido por um tiro na cabeça. Os agentes revidaram e atingiram um dos suspeitos com um tiro na perna. Ele foi preso e encaminhado para o Hospital Santo Amaro. Outro suspeito se rendeu e também foi preso. Os agentes apreenderam armas, inclusive uma submetralhadora, celulares, drogas, cadernos de anotações do tráfico e dinheiro em poder dos criminosos.
O Sindicato dos Policiais Federais em São Paulo (SINPF/SP) repudiou o ataque e lamenta o ataque "covarde e criminoso", contra o delegado da PF, e pediu uma intervenção dos poderes na região.
"Como legítimo representante de classe, o Sindicato espera que as autoridades apoiem a investigação do caso, para que os responsáveis por esta tragédia sejam punidos com o rigor da lei. É intolerável que o crime organizado, balizado e patrocinado pelo tráfico internacional de drogas, continue ocupando espaço na Baixada Santista e tirando vidas de inocentes e de policiais, sejam civis, militares ou federais."
Em nota, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) se solidarizou com o delegado e familiares e lembrou que Selling é atuante na associação como membro da diretoria regional em São Paulo.
"É inadmissível que tais ataques se perpetuem contra policiais federais ou quaisquer agentes de segurança pública, alvejando o próprio Estado Democrático de Direito em sua plenitude." A associação informou que acompanha as investigações e cobra das autoridades a punição dos criminosos.
A Procuradoria-Geral de Justiça, que chefia o Ministério Público de São Paulo, manifestou solidariedade ao delegado da PF e considerou "inadmissível" que agentes do Estado no cumprimento de seu dever sejam atacados.
"O MPSP reafirma o seu compromisso com a mais intransigente defesa da ordem jurídica, o que implica dizer que a instituição envidará todos os esforços no sentido de cooperar com as demais autoridades para levar à barra dos tribunais os autores desse crime contra o agente público, a fim de que sejam condenados de forma exemplar", disse, em nota.
(Com Agência Estado)
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