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Artigos Terça-feira, 17 de Julho de 2018, 10:17 - A | A

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Terça-feira, 17 de Julho de 2018, 10h:17 - A | A

Gorduras e doenças cardiovasculares

Na próxima vez que você se deliciar com a crocância da batata de pacote, lembre-se que você está mastigando gordura Trans

JOSÉ ALMIR ADENA

 

Divulgação

Almir Adena

 

As gorduras, de maneira bem simples, são as saturadas, que se mantêm sólidas em temperatura ambiente (banha de porco, manteiga), as insaturadas (poli e mono) que geralmente são líquidas (óleos), as hidrogenadas que embora vegetais são mudadas quimicamente tornando-se saturadas, usadas em sorvetes, margarinas e as temíveis Trans, também produzidas industrialmente, presentes nos produtos industrializados como batata frita, etc.

 

Na próxima vez que você se deliciar com a crocância da batata de pacote, lembre-se que você está mastigando gordura Trans. 

 

Quanto ao comportamento dessas diferentes gorduras em nosso organismo, as gorduras saturadas e as Trans provocam inflamação crônica, facilitam a formação de trombos nas artérias, além de elevar o colesterol LDL que é causa de aterosclerose, provocando obstrução dos vasos sanguíneos, levando a infartos e AVCs. Por outro lado, as gorduras insaturadas (óleos) melhoram a sensibilidade à insulina, têm efeito anti-inflamatório, antioxidante e antitrombose.

 

As associações ligadas à Saúde Pública, desde o início do século passado recomendavam restrição no uso de gorduras saturadas, o que fez diminuir na população os infartos e AVCs. Porém, na década de 1980 e 1990 as recomendações muito simplificadas de evitar todo tipo de gorduras levou a importante redução na porcentagem de gorduras e a compensatória elevação no consumo de carboidratos, especialmente amido refinado (farináceos) e açúcar.  Isso contribuiu para que nos EUA em 2014, a prevalência de obesidade saltasse de 10% para 37%, a incidência de diabetes tipo 2 dobrasse e a queda que vinha sendo observada nos infartos e AVCs, parasse de ocorrer.

 

A falta de benefício dessa dieta chamou a atenção dos pesquisadores. Estudos onde apenas se restringia o uso de gorduras saturadas não diminuíam significativamente a mortalidade, como o grande MultipleRiskFactorInterventionTrial (MRFIT).

 

Isso animou indivíduos menos atentos, precipitados e ávidos por manchetes de jornais ou a darem estrondosas aulas de auto ajuda incitando os ouvintes a fazerem o que eles mais gostam: comer gordura sem culpa. E cobrando bem caro por isso.

 

Porém, em outros estudos, como o The Lyon Diet Heart Study, o Prevención com Dieta MediterraneanStudy (PREDIMED), os cientistas orientaram um grupo de  pacientes sobreviventes de infarto ou com vários fatores de risco, a evitar gorduras saturadas e Trans, mas os liberava para seguir a chamada Dieta Mediterrânea, composta de peixes, legumes, castanhas, grãos integrais, frutas  e azeite de oliva. No grupo da dieta Mediterrânea, a redução de infartos foi de 73%, comparada ao outro grupo livre para consumir gordura saturada.

 

Em resumo, a epidemiologia dos últimos 50 anos e os estudos clínicos estabeleceram ligação clara entre dieta, e infartos e AVCs. Intervenções nutricionais provaram que abordagem mais ampla da dieta com atenção igual ao que se consome mas também ao que se exclui, é mais eficaz para prevenir doença cardiovascular do que simplesmente orientar dietas com baixo teor de gorduras e de colesterol.

 

A respeito da gemada ovo, o aumento de seu consume deve-se à forte propaganda nos EUA dos produtores de ovos. A poderosa American Egg Board,órgão dos produtores desse mercado de 5,5 bilhões de dólares ao ano, foi condenada nos EUA por violar as leis do Departamento de Agricultura e multada, por pagar chefes de cozinha, palestrantes e blogs para fazerem lobby exagerando os benefícios e omitindo os efeitos prejudiciais de ovos à saúde, para aumentar o consumo. Cada gema de ovo contem de 200 a 280 mg de colesterol e deve ser evitado por pacientes com risco cardiovascular.

 

Após avaliar esses estudos, o comitê da Associação Americana de Cardiologia (AHA), chefiado pelo Dr. Sacks concluiu, em 2017,que seguir esse tipo de dieta reduz a mortalidade cardiovascular em 29%, a mesma redução obtida com o uso de estatinas – fármacos usados para baixar o cholesterol em pacientes com angina ou pós infarto.

 

O Dr. Sacks continua: evite carnes gordas, gordura de porco, laticínios integrais, óleo de coco, palma e dendê. Substitua-os por oleos vegetais naturais ricos em poli-insaturados, como os de milho, soja, girassol, canola e oliva.

 

Além disso, quando gorduras mono e poli-insaturadas tomam o lugar de gorduras saturadas, caem os índices de mortalidade por câncer, demência e doenças pulmonares, além de infartos e AVCs.

 

Seguir estas orientações seguramente levará a redução significativa das doenças cardiovasculares e de outras doenças crônicas.

 

*JOSÉ ALMIR ADENA é médico cardiologista e um dos fundadores do departamento de Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Cardiologia(SBC). Participou das primeiras diretrizes de cardiogeriatria publicadas pela SBC. Membro da Academia de Medicina de Mato Grosso –Cadeira 7.

 

 

 

 

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